Os pais de alunos em escolas privadas vão se defrontar com uma boa e uma má notícia a partir da segunda quinzena de outubro, quando forem fazer a rematrícula de seus filhos para o próximo ano letivo. A má é que as mensalidades escolares sofrerão um reajuste médio de 4% a 6%, segundo estimativa do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe). Em contrapartida, a boa notícia é que o aumento em 2007 tende a ser menor que o praticado no início deste ano, quando as instituições de ensino privadas corrigiram os preços em até 8%. Trata-se de um reajuste que afeta muita gente. Segundo o Censo Escolar 2005, do Ministério da Educação (MEC), o Paraná tem 356.601 alunos matriculados na rede particular de ensino – cerca de 300 mil só nos ensinos infantis, fundamental e médio.

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O diretor econômico e financeiro do Sinepe, Jacir Venturi, explica que a previsão de aumento foi feita com base em uma pesquisa de mercado e serve apenas como referência para as escolas, já que cada instituição é livre para definir em quanto vai reajustar a mensalidade. "Seguramente haverá escolas praticando um reajuste abaixo de 4% e outras acima de 6%", afirma. O cálculo médio do Sinepe orienta também as bases do acordo coletivo para o reajuste salarial anual dos professores.

O Colégio Marista Santa Maria, por exemplo, vai corrigir as mensalidades da educação infantil em 8,8% e do ensino fundamental em 6,7%. Apenas o reajuste nos dois primeiros anos do ensino médio (4,5%) está dentro da média do Sinepe. Já no terceirão, o aumento é inferior: 3,48%. O diretor-educacional Ascânio João Sedrez explica que a correção maior na pré-escola e no ensino fundamental é uma tentativa de recomposição da planilha, principalmente por conta da valorização do quadro funcional. "O grande insumo do colégio chama-se conhecimento e ele é pago na pessoa do professor. Por isso não abrimos mão de que ele seja bem remunerado e bem capacitado", diz.

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Já o grupo Positivo, que tem alunos da educação infantil ao ensino superior, adotou um índice único de aumento, que ficará em torno de 4%, segundo o superintendente de ensino Renato Ribas Vaz. "As famílias não têm possibilidade de pagar muito mais do que isso" diz. Ele explica que o reajuste para 2007 é menor do que o praticado neste ano (5%) e leva em conta a estimativa de inflação e os custos internos.

De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), historicamente, os colégios reajustam as mensalidades acima da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística). Prova disso é que entre janeiro de 1999 e junho de 2006, a inflação acumulada em Curitiba foi de 80% enquanto as mensalidades subiram em média 99,4%. No país, a variação no mesmo período foi menor: 76,5% a inflação e 79,5% as mensalidades.

O IPCA aponta a variação nos preços de produtos e serviços consumidos pelas famílias com renda entre um e 40 salários mínimos."O peso da educação acaba sendo maior no IPCA porque reflete mais a realidade da classe média", explica o economista Sandro Silva, do Dieese. A última estimativa do Banco Central, divulgada na quinta-feira, é que o IPCA de 2006 seja de 3,4%, mas a maioria das escolas se baseou pela expectativa anterior, que era de 4%.

Para Silva, o aumento do preço das mensalidades acima da inflação causa um efeito negativo para o consumidor, porque faz com que as pessoas gastem mais do seu orçamento com educação e menos com outros itens, como alimentação, transporte e vestuário. "Existe a possibilidade de que essas pessoas deixem de pôr ou tirem os filhos da escola particular porque não podem pagar", analisa.