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Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). | Divulgação
Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita).| Foto: Divulgação

Brasília – A distância entre a bancada federal paranaense e o governo do estado passa pela Secretaria de Representação do Paraná em Brasília. A maioria dos deputados federais e senadores, incluindo os da base aliada ao governador Roberto Requião, afirma que nenhuma ou poucas vezes foram procurados pelo órgão para um trabalho de articulação conjunta. Muitos deles sequer conhecem a estrutura mantida pelo governo e que deveria funcionar como um pedaço do Paraná no Distrito Federal.

Em 2003, quando começou o mandato anterior, Requião deu ao escritório status de secretaria de estado, que passou a ser comandada pelo ex-deputado federal Nivaldo Kruger. Após assumir o cargo, Kruger disse que o Paraná havia sofrido um "prejuízo inestimável" devido à falta de representação na capital durante os oito anos de gestão Lerner. Em quase cinco anos no cargo, no entanto, a reunião da próxima quarta-feira com a bancada será apenas a segunda promovida pela secretaria.

Segundo definição do próprio Kruger, o escritório funciona para "defesa dos interesses do Paraná junto ao governo federal". "Estamos aqui para monitorar, por exemplo, as 2,6 mil ações judiciais que envolvem o estado nas esferas de Brasília", explica. Além disso, o local serve como base para todos os membros do Executivo estadual que viajam a serviço à capital.

Segundo ele, o orçamento da secretaria é "muito pequeno", consumindo mensalmente entre R$ 40 mil a R$ 50 mil. Em entrevista na última terça-feira, ele preferiu não passar dados sobre número de funcionários e a estrutura do escritório, que ocupa dois andares do edifício Central Brasil, no Setor Bancário Norte de Brasília. O imóvel é do governo do estado e, segundo ele, teve de passar por uma grande reforma devido à falta de manutenção durante a administração Lerner.

Kruger também evitou fazer comparação com as estruturas similares mantidas pelos governos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. "Por favor, não faça essa comparação. Cada um trabalha de um jeito. Gastamos pouco e trabalhamos com a simplicidade, a objetividade dos paranaenses."

Em abril, a governadora gaúcha Yeda Crusius (PSDB) reestruturou a representação do estado, que passou a ser conhecida informalmente como "embaixada" do Rio Grande do Sul em Brasília. "Passamos por um período de austeridade muito grande no nosso estado. A idéia é abrir todas as frentes técnicas e de articulação política para que possamos levar mais recursos do governo federal", explica o representante Marcelo Cavalcante.

A representação possui 800 metros quadrados e fica numa casa com piscina na região do Lago Sul. O tamanho, porém, não significa desperdício. Cavalcante explica que, a exemplo do Paraná, o Rio Grande do Sul também tem um andar inteiro em um prédio comercial que servia como escritório para a representação. O espaço foi alugado por R$ 6 mil e, com o dinheiro, foi possível alugar a nova sede, por R$ 5,2 mil.

Na última quarta-feira, o novo escritório abrigou uma reunião da bancada gaúcha no Congresso Nacional – situação impossível de se imaginar entre os paranaenses. O dia marcou a troca da coordenação da bancada, do deputado petista Marco Maia para as mãos do peemedebista Mendes Ribeiro Filho. Mesmo sendo oposição a Yeda, Maia é só elogios às iniciativas da governadora de aproximar-se ao governo federal. "Hoje temos um escritório maior, que permite assessoria técnica aos prefeitos e não fica voltado apenas para o governo do estado", diz.

A poucos metros da embaixada gaúcha fica a Secretaria de Articulação Nacional de Santa Catarina, que serviu de inspiração aos vizinhos. Desde janeiro, ela é comandada pelo ex-senador Geraldo Althoff. O desafio para este ano é a implementação de um projeto batizado como SC Recursos, montado para monitorar todos os programas federais que podem ser utilizados pelos municípios catarinenses (leia mais na matéria ao lado).

O deputado federal Marcelo Almeida (PMDB) avaliza o trabalho da secretaria de Santa Catarina. "Eles são realmente muito competentes. Uma vez fui convidado por eles a participar de um seminário, quando era diretor do Detran, e fiquei impressionado com a agilidade. O trabalho do nosso escritório infelizmente eu não conheço bem", diz.

Outro peemedebista, Rodrigo Rocha Loures diz que a comparação prova que é necessário mudar o sistema de trabalho paranaense. "Fica claro que em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul as coisas estão funcionando melhor. Não é uma crítica, mas poderíamos muito bem seguir o que eles estão fazendo de bom."

Para Max Rosenmann, também do PMDB, o Paraná nunca teve uma estrutura à altura em Brasília. Deputado federal há 20 anos, ele gostaria de contar com uma administração mais dinâmica. "Vou dar um exemplo: se um reitor de uma universidade paranaense quisesse uma orientação sobre como proceder sobre determinado assunto no Ministério da Educação, deveríamos ter um especialista nessa tramitação. Não deveríamos ficar restritos ao atendimento de secretários, do governador", afirma.

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