O escrivão da 1.ª Vara Cível de Paranaguá, Ciro Antônio Taques, acusado pelo Ministério Público do Paraná de ser o mentor da quadrilha que lesou milhares de pescadores no Litoral do estado e o advogado Marcos Gustavo Anderson, que, de acordo com o órgão, usava a empresa MGA para lavagem de dinheiro do grupo, deixaram a cadeia na última sexta-feira. A liberdade foi concedida após o Tribunal de Justiça do Paraná conceder um pedido de habbeas corpus a Taques, estendido a Anderson.
Eles estavam presos desde o dia 6 de agosto, após uma força-tarefa realizada pelo Gaeco, a pedido do MP, que ficou conhecida como Operação Tarrafa. Segundo a 1.ª Promotoria de Justiça Criminal de Paranaguá, um núcleo de fraudes teria sido montado no Fórum de Paranaguá para arrecadar dinheiro de custas processuais referentes aos processos movidos por pescadores do Litoral contra a Petrobrás em decorrência de dois desastres ambientais ocorridos em 2001 na região (os vazamentos de nafta do navio Norma e de óleo do Poliduto Olapa).
Na época da operação, o MP expediu 16 mandados de prisão, entre eles, o do juiz aposentado Hélio Arabori e o do presidente da Colônia de Pesca Z1 de Paranaguá Edmir Manoel Ferreira, conhecido como Edmir da Pesca.
Delatora do esquema, a advogada Cristiane Uliana disse, em depoimento ao MP, que o dinheiro dos honorários advocatícios que caberiam a ela eram divididos pelo grupo da seguinte forma: 32% para Taques; 32% para Arival Tramontim Júnior, que está foragido; e outras duas fatias de 18% para a advogada e para o juiz aposentado Hélio Arabor, respectivamente.
A reportagem da Gazeta do Povo mostrou no fim de setembro, que mesmo preso, o advogado Marcos Gustavo Anderson atendeu pelo menos dois pescadores na prisão algo considerado irregular pelo MP.
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com o advogado Claudio Dalledone Júnior, que representa Taques, e com o advogado Giordano Vilarinho Reinert, representante de Anderson, mas ambos optaram por não se manifestar nesse momento sobre o assunto.
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