No interior do Paraná, o professor de Educação Física Wilson Bini Júnior é um exemplo de brasileiro que consegue fazer muito com pouco. Há 15 anos, ele é funcionário da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Prudentópolis, onde, de um pequeno espaço improvisado saiu um dos melhores paratletas do mundo.
Em junho, Josenei Grecvycvyn, de 25 anos, voltou de Florença, na Itália, com cinco medalhas no peito. Vivendo em uma cidade paranaense sem pista de corrida apropriada para o esporte, o aluno, que tem Síndrome de Down, treina dentro de quadras poliesportivas para conseguir mostrar que nada o limita. “Quando eu bati o olho no Josenei percebi seu potencial. Diferentemente de outros com a mesma síndrome, seu físico é magro e sempre teve um porte forte pois ajuda os pais em casa e na roça”, explica Júnior, que após se formar, fez especialização em educação especial para suprir uma necessidade da graduação. Duas vezes por semana, ele trabalha com uma turma de 15 alunos e divide as quatro horas diárias em treinamento de tênis de mesa, atletismo e futsal.
O empenho da dupla já rendeu muitos bons resultados. Os de Florença foram apenas mais cinco. Praticante de esportes há doze anos, Grecvycvyn foi campeão nas provas de 100, 200 e 400 metros seis anos atrás.
Nos últimos anos, o atleta participou de provas em competições promovidas pela Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais (ABDEM) e das Olimpíadas Especiais das Apaes. E, aos poucos, foi se aperfeiçoando.
Na competição internacional da qual participou em junho - com paratletas de mais de 30 países - , o jovem conquistou a medalha de prata nos 200 metros e no salto em distância, além de três medalhas de bronze nos 400 metros e no revezamento 4x100 e 4x400.
“A prova de 100 metros foi frustrante”, relembra o professor. “O Josenei invadiu a pista dos outros atletas e se desclassificou. Isso aconteceu por desconhecimento dele, que treina em quadra comum, já que não temos pista de atletismo aqui na cidade”, lamenta.
Mas o jogo virou durante os outros dias de competição, fazendo com que a dupla alcançasse resultados mais expressivos do que imaginavam. “Somos de uma cidade do interior do Brasil e mesmo assim superamos atletas de outros países. Agora é treinar para conseguir o ouro”, planeja Júnior, que agora pretende treinar outros alunos para competições de natação. A Apae deve, em breve, ganhar uma piscina. E, quem sabe, muitos outros medalhistas.
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