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Reforma

As obras na Rodoferroviária começaram em junho de 2012 e foram concluídas em maio deste ano, dias antes da Copa do Mundo. A reforma ficou 39% mais cara do que a previsão inicial – passando de R$ 35 milhões para R$ 48,9 milhões, incluindo melhorias nos acessos. O projeto tornou o terminal mais confortável e seguro para passageiros e funcionários, com salas climatizadas, novas rampas de acesso, escadas rolantes, elevadores e um sistema de controle eletrônico para acesso às plataformas, inédito no país. Além disso, graças ao aumento da quantidade de plataformas de embarque e desembarque, o terminal teve a capacidade ampliada em mais oito ônibus a cada 15 minutos.

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Curitibano

O Rio Belém tem 21 quilômetros, passa por dezenas de bairros de Curitiba e é um curso d’água curitibano – nascendo e morrendo dentro da cidade. Apesar da sua importância, atualmente ele já nasce poluído e desagua ainda pior, nas cavas do Rio Iguaçu, no Boqueirão. Já foram criados vários projetos para limpá-lo, afetado pelo lançamento clandestino de esgoto.

Mercado Municipal também tinha esgoto irregular, segundo fiscalização

Raphael Marchiori

Reformado ao custo de R$ 6 milhões, o Mercado Municipal também tinha esgoto sendo despejado em uma galeria de água pluvial que desagua no Rio Belém. A reforma, concluída em dezembro de 2012, contou com recursos municipais e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (R$ 2 milhões). De acordo com documento de fiscalização obtido pela reportagem, foi justamente na nova ala de 2 mil metros quadrados (m²) que a inspeção identificou a irregularidade. Segundo a prefeitura, a empresa responsável pela reforma – A Endeal Engenharia e Construções Ltda – foi notificada e, em outubro de 2013, redirecionou para a rede de esgoto a parte dos efluentes que estava indo para a rede de água pluvial.

Mas a construtora nega essa versão. Segundo a Endeal, nenhum serviço na rede de esgoto do Mercado Municipal foi realizado por ela. A construtora admite, apenas, ter sido procurada pela prefeitura para realizar uma reforma na rede do Mercado Municipal após o surgimento de "problemas" na rede da Rodoferroviária. Mas afirma que esse serviço foi negado por não constar no contrato.

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Durante a reforma realizada na Rodoferroviária de Curitiba, o esgoto do bloco estadual do terminal foi parar no Rio Belém – um dos mais poluídos da cidade. A Gazeta do Povo teve acesso a um documento da prefeitura, de março de 2013, que admite a irregularidade. Segundo apurou a reportagem, o problema ocorreu por causa do desnivelamento da rede de esgoto local em relação à da Sanepar. A construtora responsável pelos serviços, porém, alega que o lançamento clandestino já ocorria desde antes da reforma.

INFOGRÁFICO: Veja os pontos de contaminação no Rio Belém

A irregularidade foi constatada em vistoria realizada após alerta da Unidade de Gerenciamento do Programa (UGP)– grupo do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) para fiscalizar obras da Copa.

Segundo o relatório da fiscalização, testes com corantes realizados no bloco estadual e no prédio da Urbs constaram o lançamento de esgoto em uma galeria de águas pluviais direcionada à obra de contenção de enchente da Rodoferroviária. O mesmo procedimento constatou ainda o lançamento de esgoto do novo bloco do Mercado Municipal em uma galeria que atravessa a Avenida Presidente Afonso Camargo e passa em frente ao bloco interestadual da Rodoferroviária. A irregularidade também foi identificada no posto da Serra Verde, onde a rede coletora estava rompida – possibilitando a infiltração de esgoto.

Segundo a prefeitura, o desnivelamento da rede de esgoto da Rodoferroviária foi um imprevisto causado por uma viga de fundação que já existia no local. Para corrigir o problema, um termo aditivo de R$ 78 mil foi firmado visando instalar uma espécie de elevador para captar o esgoto do terminal e levá-lo até a rede coletora.

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O engenheiro Armando Nonose, da Sial Construções Civis, disse ter chegado ao seu conhecimento que o lançamento de esgoto do terminal no rio já ocorria antes da reforma. "Esse assunto existia antes da execução da obra. Não tivemos nenhum problema em relação à obra. A gente a fez conforme o projeto que a prefeitura forneceu, já com a previsão da estação elevatória, corrigindo o problema do esgoto clandestino no rio", afirmou.

Outro lado

Envolvidos têm explicações diferentes para irregularidade

Os envolvidos na reforma da Rodoferroviária divergiram sobre o que motivou a irregularidade e sobre o período em que ela ocorreu. A Sanepar, por exemplo, confirmou o problema e disse que o lançamento do esgoto no Rio Belém ocorreu por causa do desnivelamento da rede do terminal em relação à sua. A companhia informou, porém, que a responsabilidade pelo ocorrido é de seus clientes, no caso a Urbs, o Mercado Municipal e a Serra Verde.

Já a prefeitura informou que os problemas em seus equipamentos (Bloco Estadual, prédio da Urbs e Mercado Municipal) foram sanados. No caso da Rodoferroviária, a administração municipal afirmou que a obra já previa a implantação de uma nova rede de esgoto independentemente da vistoria. A nota da prefeitura, entretanto, não comenta o lançamento clandestino do esgoto do terminal no Rio Belém.

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