Um dos mais belos recantos de Fernando de Noronha e uma de suas principais atrações turísticas, a Praia do Cachorro, no centro histórico do arquipélago, foi interditada para banho pelo Departamento de Vigilância em Saúde após o lançamento irregular de esgoto iniciado na semana passada.

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A chefe da Área de Proteção Ambiental (APA) do arquipélago, Lisângela Cassiano, disse que a estação elevatória onde houve o vazamento recebe metade do esgoto produzido na ilha. Ela não soube dizer o total desta produção nem quantos litros já escorreram para o mar. O vazamento, segundo Lisângela, começou na quinta-feira (19) da semana passada.

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Blogs de moradores de Fernando de Noronha relatam que já na terça-feira (17) anterior havia esgoto fluindo em direção à praia. A decisão de proibir banho no local só foi tomada na sexta-feira (20). O despejo clandestino é investigado pela Polícia Federal (PF). Acusado de crime ambiental, o presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Roberto Tavares, afirmou que a bomba da estação e o equipamento reserva quebraram.

“A estação elevatória extravasou e estamos sendo acusados de um crime ambiental. Tivemos um problema em uma bomba e a reserva que foi colocada no lugar também quebrou dois dias depois. Não havia oficina para consertar, então a trouxemos para o continente”, disse Tavares.

O presidente da Compesa relatou o problema ontem ao participar da Conferência sobre Dessalinização, realizada nesta semana no Rio.

“Estamos com dois policiais federais na sala do meu gerente. Não é assim que se resolve as coisas. Temos um país complexo, com sistemas que foram concluídos ao longo do tempo, sob a égide de outras legislações”, disse Tavares.

Precariedade
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A gestora da APA afirmou que a coleta e o tratamento de esgoto são precários em Fernando de Noronha. “Em setembro de 2013 aconteceu a mesma coisa”, disse. Na ocasião, a Compesa foi multada. A estação de tratamento de esgoto da ilha fica a 300 metros da estação elevatória da Vila dos Remédios. Além da praia, o Córrego Mulungu foi atingido pelo lançamento irregular de esgoto do arquipélago.

Analista do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Lisângela afirmou ainda que a população local “vive um eterno racionamento” de água na ilha, por causa de problemas no abastecimento, sob responsabilidade da Compesa. “Não dá para receber mais gente porque não tem água suficiente”, disse ela.

Entrave

No Rio, Tavares acusou o ICMBio de emperrar a ampliação do sistema de dessalinização da água do mar no arquipélago. O órgão ambiental exigiu estudo do impacto do barulho das novas bombas no habitat de golfinhos. “Vai durar um ano. Estamos tentando reverter isso”, afirmou ele.

Lisângela rebateu a informação. “O estudo é simples e barato. Se a equipe for contratada, o trabalho de campo poderia ser feito em uma semana. Precisamos avaliar o impacto porque as bombas seriam instaladas exatamente na rota dos golfinhos”, explicou.

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Hoje, o dessalinizador produz cerca de um milhão de litros por dia, capaz de atender a metade dos 3 mil moradores e turistas. A Compesa planeja investir R$ 4,5 milhões para dobrar a capacidade, importando bombas da Dinamarca.