Antonio José Frangovic, durante entrevista em Londrina: depois de insistir no café, a soja venceu.| Foto:

O agricultor Antonio José Frangovic, hoje com 73 anos, estava em Curitiba quando soube que a Geada Negra tinha aniquilado os 30 alqueires de café que estavam sendo cultivados desde 1946 na propriedade de seu pai, na região de Londrina. Ele, que tinha presenciado a neve em Curitiba no dia anterior, 17 de julho de 1975, lembra que a tristeza foi inevitável.

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Não era só a família dele que vivia do café. Havia outras dez, que somavam cerca de 40 pessoas, e trabalhavam na fazenda com a produção cafeeira. “A reação foi complicada porque meu pai tinha compromisso com as famílias. Elas viviam do café. Foi muito doloroso você ter que chegar para o pessoal e dizer que não tinha como continuar com aquela atividade mais. O café tinha acabado”, relata.

Foram rescindidos os contratos com todos os colonos, que foram buscar novas maneiras de sobreviver. Muitos migraram para o interior paulista e mineiro para trabalhar em cultivo de laranja ou cana.

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No ano seguinte à Geada Negra, a família de Antônio José foi ao campo e replantou mais alguns pés de café. “Replantamos, mas com o pé atrás”, confessa. Por uma década a produção cafeeira continuou, mas não com a mesma intensidade de antes do golpe da Geada Negra. Depois desse período, os Frangovic decidiram migrar definitivamente para a pecuária e para o cultivo de soja. “Sinto falta daqueles anos”, confessa. (DA)