Depois de acompanhar a transformação de Curitiba de ?uma cidade fria e que não tinha graça? para uma capital ?exportadora de ideias?, a partir da década de 1960, o arquiteto Manoel Coelho hoje lamenta. Aos 70 anos, observa que a cidade está fazendo o caminho de volta. Coelho critica a falta de um planejamento global para a cidade, a degradação do sistema de transporte coletivo e a inexistência de debate de questões envolvendo a capital.
E é justamente no passado que ajudou a construir que o arquiteto busca uma ideia para o futuro. Diante do convite da Gazeta do Povo para a criação de uma proposta para a ?Curitiba dos sonhos?, Coelho sugere um parque que resgate a memória do planejamento urbano, o ?Escola de Cidades?.
No local ficariam cinco pavilhões que mostrariam as grandes transformações pelas quais passou Curitiba, divididos por áreas de estrutura urbana; meio ambiente e espaços de lazer; memória e distribuição da cultura; ação social, habitação, emprego, saúde e educação; e sistema viário e transporte urbano. Nos espaços poderiam ser exibidos vídeos e disponibilizados livros. O objetivo é que as pessoas entendam como funciona o planejamento de uma cidade e se sintam convidadas a participar deste processo.
Já os profissionais de arquitetura em busca de aperfeiçoamento encontrariam ali um curso de pós-graduação em Urbanismo. A estrutura, que contaria com salas de aula e auditório, ficaria em uma construção semelhante a uma estação tubo. Além do tubo, o projeto traz a linguagem arquitetônica adotada em Curitiba nos últimos 40 anos: tetos dos pavilhões em forma de Araucária, toras de eucaliptos e estruturas de metal tubulares. No resto do parque, as pessoas encontrariam locais para o lazer: área verde, dois lagos, uma queda d?água e um mirante. Segundo Coelho, o espaço também minimizaria os impactos causados pela chuva.
Além da ação educativa, a instalação poderia recuperar uma área degradada da cidade. Coelho explica que fez o projeto ?Escola de Cidades? em 2000, quando soube que a prefeitura estava negociando um espaço de uma antiga pedreira no bairro Vista Alegre para a criação de um parque. O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) chegou a contratá-lo para fazer o anteprojeto, mas a proposta ?não evoluiu?, lembra o arquiteto.
Na época, a obra custaria R$ 5 milhões. Coelho retornou à prefeitura com a proposta em mãos em maio de 2010, mas não teve retorno. Para ele, o projeto continua importante. ?Tem relevância maior ainda pela falta de memória organizada sobre o planejamento da cidade.?
O arquiteto diz sentir falta de um planejamento global e maior investimento no sistema de transporte coletivo. Aponta ainda necessidade de restruturação da cidade, mais do que a construção de grandes obras. ?Não adianta fazer uma obra aqui e outra ali. A primeira coisa a ser feita é organizar. A cidade precisa retomar o planejamento.?
Veja o vídeo com o arquiteto Manoel Coelho:
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas