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HISTÓRIA

Inovações no planejamento urbano trouxeram fama à capital

As formas circulares são a marca dos projetos de planejamento da cidade, desenvolvidas pelo arquiteto Alfred Agache, em 1943 | Divulgação / Ippuc
As formas circulares são a marca dos projetos de planejamento da cidade, desenvolvidas pelo arquiteto Alfred Agache, em 1943 (Foto: Divulgação / Ippuc)
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Durante toda sua história, Curi­tiba foi cenário de inúmeros projetos de ordenação urbana que chamaram a atenção mundo afora. A fama de cidade planejada vem da realização de ideias inovadoras, como o calçadão da Rua XV de Novembro e as estações tu­­bo, e da continuidade dos programas urbanísticos. "O planejamento urbano foi o que deu a visão de que Curitiba pode ser uma cidade respeitada. Não temos uma importância econômica como São Paulo nem as praias do Rio de Janeiro, mas o que nos destacou foi o planejamento", afirma o arquiteto Irã Dudeque, professor de teoria da Arquitetura na Pontifícia Universidade Católica do Paraná e na Universidade Positivo.

Um dos primeiros planos a ser colocado em prática em Curitiba é do tempo em que a cidade ainda se chamava Vila Nossa Senhora da Luz e do Bom Jesus dos Pinhais, nos idos de 1820. Na época, o povoado era composto por apenas 220 casas dispostas em forma circular. Cem anos mais tarde, influenciada pelo movimento nacionalista que exaltou o Brasil Moderno, Curitiba ga­­nhou uma área central embelezada, com grandes avenidas, como a Visconde de Guarapuava, a Sete de Setembro, a Silva Jardim, a Iguaçu e a Getúlio Vargas.

O projeto executado pelo arquiteto francês Alfred Agache em 1943 foi o primeiro plano formal e deixou marcas na capital. "Ele previa uma série de círculos em volta da cidade, com grandes avenidas", explica o professor de história da Ar­­quitetura brasileira na Universidade Federal do Paraná Key Ima­­guire.

Confira abaixo os principais momentos da evolução urbana da cidade, com base em dados do Ins­­tituto de Pesquisa e Planeja­mento Urbano de Curitiba (Ippuc).

1950

Com 180 mil habitantes, Curitiba começa a colocar em prática o Plano Agache, que definia centros funcionais especializados para as áreas comercial, industrial, educacional e social. Em 1950 é iniciada a construção do Centro Cívico (foto 1), do Palácio Iguaçu e da Avenida Cândido de Abreu. Também são referências do plano Agache o bairro Rebouças, predominantemente industrial, o Centro Politécnico, com foco nas atividades universitárias, e o Mercado Municipal, na Avenida Sete de Setembro. Outra via importante no desenvolvimento da cidade, a Avenida República Argentina, na região sul de Curitiba, ganha pavimentação. Em 1955 é criado o primeiro Plano de Transporte Coletivo de Curitiba, que vigorou até 1974. No mesmo ano, seguindo o projeto de ordenação do trânsito na capital, é criada a Estação Rodoviária, no Centro.

1960

Os anos 60 foram marcados por intenso crescimento demográfico em Curitiba e a população atingia 470 mil habitantes. O aumento foi desorganizado nas questões urbanas que dizem respeito à habitação e à circulação pela cidade. Diante deste cenário é fundado em 1965 o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e com ele surge outra alternativa ao Plano Agache: o primeiro Plano Diretor de Curitiba, sob responsabilidade de Jorge Wilheim. O plano é a base do modelo atual e traz diretrizes sobre o sistema viário (foto 2), zoneamento, loteamento, renovação urbana, preservação, revitalização dos setores históricos tradicionais e edificação. O projeto prevê o crescimento linear do Centro da cidade, com vias tangenciais de circulação rápida e desenvolvimento preferencial no eixo nordeste-sudoeste. Nesta década são criadas ainda a Urbanização de Curitiba (Urbs) e a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab).Os anos 60 terminam com um estudo preliminar sobre a implantação do metrô na cidade, em 1969.

1970

A população atinge 609 mil habitantes e os investimentos no planejamento são intensos. A cidade toma forma, com 75 bairros e novos parques, áreas culturais e de lazer. Em 1970, Curitiba é destaque em todo o Brasil pela instalação do primeiro calçadão do país, na Rua XV de Novembro (foto 3), que três anos depois ganhou o seu conhecido Bondinho. Próximo dali é delimitado o centro histórico da cidade. No início da década de 1970 existem na cidade 37 favelas e a então Vila Pinto, atual Vila Torres, é uma das mais famosas. A preocupação com a drenagem se reflete na criação dos parques Barigui, São Lourenço e Barreirinha, em 1972. No ano seguinte, a Cidade Industrial de Curitiba (CIC) é integrada à capital e a região metropolitana é instituída, composta por 14 municípios. Os ônibus expressos começam a circular pelas ruas nesta década e o sistema de transporte público ganha atenção especial com a definição de eixos estruturais. Em princípio, 20 quilômetros de pistas exclusivas são destinadas aos veículos, que fazem a integração com outras linhas em terminais.

1980

As novidades no sistema de transporte público continuam. Em 1981 começa a circular pelas ruas de Curitiba o primeiro ônibus articulado do Brasil. Junto com ele é incrementada a integração entre as linhas expressas, alimentadoras e interbairros nos terminais de bairro. O Estacionamento Regulamentado de Veículos (Estar) entra em vigor, fazendo de Curitiba a segunda cidade brasileira a implementar a medida, atrás de São Paulo. A capital paranaense passa por uma divisão administrativa em que são definidas nove regionais, chamadas na época por "freguesias". A década segue com a inauguração de novos parques, como o Bosque do Papa (foto 4), criado na ocasião da visita do Papa João Paulo II a Curitiba, e o Zoológico. O programa Lixo que não é Lixo inicia a coleta domiciliar de materiais recicláveis. No fim dos anos 80 é apresentado o projeto Bairro Novo, com ocupação das áreas no sul da cidade com lotes urbanizados e habitações. A cidade registrava 1 milhão de habitantes.

1990

Curitiba implementa as estações tubo, em 1991, e apresenta os ônibus biarticulados (foto 5). A linha Boqueirão foi a primeira e em seguida passaram a circular os ônibus ligeirinhos, linhas diretas entre terminais e estações. Com a proposta de realizar a ligação entre diferentes áreas da cidade sem a necessidade de se passar pelo centro, o Linhão do Emprego foi iniciado em 1997. Com 34 quilômetros de extensão, a avenida passava por 18 bairros na área sul da cidade com foco na geração de renda nas áreas que recebem a via. O Rebouças, bairro definido pelo Plano Agache como industrial, passa em 1999 por revitalização e ganha duas novas avenidas, a Dario Lopes dos Santos e a Maurício Fruet. A cidade tinha 1,3 milhão de moradores na década de 1990.

2000

Curitiba entra no novo século com 1,5 milhão de habitantes e revitalizações em vias importantes, como a XV de Novembro, a Riachuelo, a Avenida Iguaçu e a Praça Osório. A cidade adota o sistema de binários, com duas vias que seguem em sentidos contrários. No transporte coletivo, as fichas são substituídas por cartões eletrônicos. Em 2004, o Plano Diretor da cidade é revisado e apresenta novas diretrizes. A população também participa da elaboração do documento durante audiências públicas. O aprimoramento do projeto urbanístico da cidade segue com a criação da Linha Verde (foto 6). A primeira etapa compreende a ligação entre o Pinheirinho e o Prado Velho, com previsão de continuidade até o Atuba, completando a integração entre as regiões norte e sul.

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