O olhar que vem da academia propõe a reflexão e a análise antes de qualquer intervenção urbana em Curitiba. Estudantes de Arquitetura da Universidade Positivo sugerem elementos que vão além de cálculos precisos ou estruturas sustentáveis: abrangem desde a educação pública de qualidade à tolerância pacífica com a diversidade, passando também por programas culturais e de manejo de resíduos sólidos, entre outros.
Reunidos durante dois dias, no final de fevereiro, estudantes de Arquitetura da Universidade chegaram à conclusão de que, para a Curitiba ideal, 12 ?visões? deveriam ser seguidas (veja mais no slideshow). ?São diretrizes fundamentais que devem ser perseguidas pelo poder público apoiado pela sociedade organizada para a construção coletiva e participativa da cidade dos nossos sonhos?, explica o coordenador do curso, Orlando Ribeiro, vice-presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura no Paraná (Asbea-PR).
Com base em um projeto anterior desenvolvido por alunos, Ribeiro apresenta estas diretrizes na prática, que incluem propostas de revitalização do Centro da cidade, integração metropolitana e sistemas de metrô.
No Centro de Curitiba, o projeto prevê o aprimoramento do uso dos edifícios ao longo dos quarteirões, a criação de uma galeria comercial subterrânea na Rua XV de Novembro integrada ao sistema de metrô e ainda a revitalização da Praça Santos Andrade. Esta última ideia propõe transformar o prédio antigo dos Correios em uma estação de metrô, construir no subsolo da praça um grande estacionamento de veículos e incorporar ao local o trecho da Rua Conselheiro Laurindo em frente ao Teatro Guaíra.
Para a integração metropolitana, a proposta é implantar um bonde elétrico sobre a linha férrea existente, integrado aos demais sistemas de transporte da cidade e ligado aos municípios da região metropolitana. A integração também se daria por um novo terminal intermodal metropolitano, com sede na Rodoferroviária, que faria a ligação direta com o Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais.
O metrô é um modal muito defendido por Ribeiro, pois, ao mesmo tempo que aproveita a área subterrânea, permite que o tráfego de veículos seja otimizado, segundo arquiteto. A proposta do grupo é a implementação de um sistema trinário (composto por uma via expressa e duas rápidas), além da criação de pistas subterrâneas para a circulação de automóveis. O modelo possibilita ainda a construção de edifícios multifuncionais em ruas como a Travessa da Lapa, no centro da cidade.
Outra necessidade, segundo o professor, são iniciativas voltadas aos pedestres. ?É preciso fazer a cidade voltar a ser pensada, planejada, detalhada e idealizada para o usuário que está à pé, de forma mais contemplativa, mais acessível?, afirma. Ele define as propostas como uma forte crítica ao modelo de gestão territorial urbana, ?que fomenta a utilização e massificação do uso do transporte particular porque não oferece um transporte público com a qualidade necessária para que a população o utilize?.
Veja o vídeo com o professor Orlando Ribeiro:
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