Das 1,6 mil toneladas de lixo produzidas diariamente em Curitiba e encaminhadas para o aterro sanitário, 35% teriam condições de serem reaproveitadas. A informação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente mostra que o aumento do volume de resíduos provocado também por um crescimento acelerado da população gerou uma sobrecarga sobre o sistema de coleta e não foi acompanhado por programas de reciclagem. Agora, cidade e população precisam se mexer para não ficar no vácuo do "Lixo que não é Lixo".
Muita gente faz a sua parte e dá rumo certo ao que é reciclável. Antônio Carlos Messias, 61 anos, é um exemplo. "Sempre cuidei disso. Para mim é importante esse costume porque sei que ajuda o meio ambiente", diz. Entretanto, ele tem um estímulo a mais. Messias é catador de material reciclável e, desde 2000, vê a renda incrementada com o trabalho de coleta seletiva. "Hoje eu nem preciso tanto, já que tenho outro trabalho. Mas faço isso [separar o lixo que produz] porque gosto. Me sinto bem."
Hábito
A pedagoga Suelita Rocker também aprendeu o quanto o hábito de reciclar pode transformar a vida de uma pessoa. Ao integrar o Instituto Lixo e Cidadania, responsável pela capacitação e formação educacional dos catadores, ela viu como é importante para a sociedade e para o meio ambiente o simples ato de separar e passou a disseminar a prática. "Hoje, quero que todo esse material chegue ao catador com uma boa condição para poder ser aproveitado corretamente", afirma.
André Rodrigues/Gazeta do Povo
Na luta pela Mata Atlântica
Curitiba possui hoje 64 m² por habitante de vegetação original de Mata Atlântica o equivalente a 18% da área do município. Desse total, 70% pertencem a proprietários particulares, que têm no mercado de imóveis uma opção rentável. Criada em 2006, a Lei das RPPNs (reservas particulares do patrimônio natural) deu aos donos de áreas verdes a opção de transformar esses redutos em reservas ecológicas protegidas em troca de títulos de potencial construtivo. Teresinha Veraschi (foto), dona da Reserva Airumã e presidente da Associação de Protetores de Áreas Verdes de Curitiba e RMC, soube da lei em 2008 e decidiu abraçar a causa das RPPNs. "Em 2011, havia três reservas. Hoje, estamos com 12", conta. "A cidade ainda insiste em viver das glórias do passado. Porém, ela esquece que a situação atual é outra, bem diferente do que já foi", completa.