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Cultura

Artistas em cena

Juliana Rita Baum e Carla Vaccini fazem parte do projeto “Posso Ler para Você?”, que estimula a leitura entre os frequentadores da Praça da Espanha | Diego Pisante/ Gazeta do Povo
Juliana Rita Baum e Carla Vaccini fazem parte do projeto “Posso Ler para Você?”, que estimula a leitura entre os frequentadores da Praça da Espanha (Foto: Diego Pisante/ Gazeta do Povo)
Leandro Knopfholz conta que 85% do público do Festival de Teatro vive em Curitiba |

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Leandro Knopfholz conta que 85% do público do Festival de Teatro vive em Curitiba

Zulmara Sauner e Elizabeth Amorim estão entre os pesquisadores que estudam a história de Curitiba |

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Zulmara Sauner e Elizabeth Amorim estão entre os pesquisadores que estudam a história de Curitiba

A cultura tem espaço em Curitiba. Diante do surgimento de novos artistas no cenário local e de eventos que têm enchido o calendário da cidade, não é possível dizer o contrário. O incentivo poderia ser maior e as oportunidades também, mas, nesse contexto, os principais festivais curitibanos são exemplo de que ideias tímidas são capazes de se tornar referência.

Há 21 anos, 14 peças estavam em cartaz na primeira edição do Festival de Teatro, o principal exemplo entre os eventos da cidade. Hoje, a programação reúne mais de 400 espetáculos. "Curitiba tem pessoas ativas na cultura. Nos últimos anos, o consumo cultural cresceu", afirma o diretor do festival, Leandro Knopfholz, revelando que 85% dos espectadores das peças vivem na capital.

No mesmo caminho, a Corrente Cultural tem se consolidado a cada ano. O evento nasceu em 2009 a partir da iniciativa de artistas e entidades preocupados em encontrar palcos alternativos para contornar a crise provocada pelo surto de gripe A, que fez com que espaços culturais fossem fechados para evitar a propagação do vírus. A ação foi abraçada pelo poder público e teve a Virada Cultural incluída no programa. No ano passado, a Virada foi levada a outras cidades do Paraná.

Idealizador de outro evento da cidade, a Quadra Cultural, Arlindo "Magrão" Ventura defende que a programação em Curitiba seja descentralizada para valorizar os bairros. Em sua quarta edição, o evento do bairro São Francisco resiste a protestos de parte da vizinhança e aguarda para entrar no calendário oficial de Curitiba.

Leitura

A circulação do acervo das bibliotecas públicas da cidade revela outra característica da população: a leitura é um hábito que tem ganhado força, mas ainda depende de estímulo para conseguir mais adeptos. Neste ano, pelo menos 138 mil livros já foram emprestados em Curitiba. "É difícil responder se o curitibano lê. Há escolas, por exemplo, em que ainda são necessários projetos de incentivo", afirma Rogério Pereira, diretor da Biblioteca Pública do Paraná, que recebe 3 mil pessoas e empresta mil livros todos os dias.

Entre as ações para democratizar a leitura está o projeto "Posso Ler para Você?". Ao notar que muitas pessoas desconheciam ou ignoravam a existência da Casa de Leitura Miguel de Cervantes na Praça da Espanha, funcionários do espaço iniciaram uma ação para ler textos curtos para quem está na praça. "Poucos são os que resistem à leitura no banco da praça", conta Carla Viccini, uma das entusiastas do projeto.

História impressa em páginas e fachadas

Embora Curitiba conserve parte de seus 320 anos de história em casarões restaurados, museus e livros, o fôlego do movimento de recuperação do patrimônio arquitetônico do município iniciado nos anos 1970 perdeu-se no tempo. "São frequentes os processos judiciais que acabam no ‘descadastramento’ das unidades de interesse de preservação para a demolição. A legislação de Curitiba é fraca", afirma o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná, Jeferson Navolar.

Já o superintendente do Instituto do Pa­­­tri­­­mô­­­­nio His­­tó­­rico e Artístico Nacional (Iphan), José La Pastina Filho, considera Curitiba como uma cidade que cuida de sua história. "O trabalho de recuperação iniciado em 1970 foi importante para a valorização da história e da cultura da cidade. Grande parte dos prédios restaurados abriga hoje museus de arte e história ou viraram espaços culturais", diz.

Na área acadêmica, a historiadora Zulmara Clara Sau­­ner, ex-curadora do Museu Pa­­ranaense, defende que há uma imensa documentação sobre Curitiba à disposição dos pesquisadores. "Muito se estuda sobre a Curitiba moderna, mas pouco sobre a história de 300 anos atrás", afirma.

A circulação de pesquisas sobre o passado também é considerada falha. Segundo ela, poucos artigos caem nas mãos dos estudantes de hoje. Entre seus trabalhos recentes estão a análise da história das construções escolares no século 20 – em parceria com a arquiteta Elizabeth Amorim – e a exposição Arquitetando Curitiba na década de 1930, no Memorial de Curitiba.

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