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Uma cidade não se transforma sozinha. Ela depende da ação de pessoas para mudar – seja para o bem ou para o mal. Embora a mobilização e o engajamento a favor das mais diversas causas aumentem a cada dia, há quem defenda que as mudanças em uma cidade não são efetivas sem o envolvimento do poder público. O que não significa que ações pequenas e isoladas não sejam capazes de dar início a metamorfoses urbanas.

O amplo acesso à informação e as facilidades oferecidas pela internet abrem as portas para o diálogo entre pessoas distantes e com ideias em comum. Hoje, é pela web que jovens combinam carona solidária, a vizinhança se mobiliza contra a insegurança, alunos descobrem a chance de estudar de graça para o vestibular e se encontram doadores de sangue.

"A população está vendo que não pode ser passiva. Na internet, cria-se um espaço de interação em que as pessoas participam muito mais", afirma o analista técnico Maicon Gonçalves Silva, integrante do grupo de pesquisa do projeto Curitiba 2030, que estimula as pessoas a pensar a cidade que elas querem no futuro e a se mexer desde já para que os desejos se concretizem.

Silva defende a soma de esforços para atingir um resultado satisfatório e acredita ser necessária a participação de alguém ou alguma organização para instigar e articular os atores rumo a um objetivo. Nesse sentido, o antropólogo Carlos Balhana, professor da UFPR, aponta o Executivo municipal como agente norteador. "Tem de haver mais esforço da prefeitura. As pessoas querem fazer e não têm condições. Sem apoio, a coisa morre na casca", diz.

Com a verticalização da cidade, Balhana diz que a população se afastou e, para se chegar a boas ideias, é preciso socialização. "Antigamente, o povo era mais integrado. Hoje, a unidade de bairro não existe mais. Cada quadra é uma pequena vila do interior", considera, aconselhando que as pessoas foquem em suas quadras como ponto de partida para suas ações.

A cobrança de medidas do poder público – que deve cuidar da cidade de forma homogênea, sem privilegiar regiões – também é defendida pelo urbanista Renato Cymbalista, professor de História do Urbanismo na USP. "Sem a participação da população, o serviço público cai de qualidade. O envolvimento comunitário é bom, mas não é o suficiente", diz.

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