Fiscalização
Denúncias de pichação em Curitiba dobram em um ano
O número de denúncias de pichação em imóveis públicos e particulares dobrou em Curitiba, segundo informações da Guarda Municipal (GM). Se de janeiro a setembro do ano passado foram registradas 791 denúncias, o mesmo período deste ano contabilizou 1.605. As denúncias resultaram em 256 detenções em flagrante.
Para o diretor da GM, inspetor Cláudio Frederico de Carvalho, o principal fator para o aumento das denúncias é a participação da população. "A sociedade é o nosso principal aliado para combater esse crime. Com a denúncia da população fica mais fácil para fazermos a autuação", afirma.
Carvalho diz ainda que a Guarda realiza rondas em várias localidades da cidade. "Também contamos com o apoio do sistema de monitoramento eletrônico, que contribui para identificar os vândalos", conta. Atualmente, das 175 câmeras existentes na cidade, 130 estão funcionando. "Trinta precisam de manutenção e outras 15 necessitam ser substituídas."
Crime
A pichação é crime previsto no artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais, cujo flagrante prevê multa de R$ 714,20. O infrator também fica impedido de participar de concurso público municipal por dois anos. Os menores de idade autuados cumprem medidas socioeducativas, como assistir a palestras da Guarda Municipal.
Um dos símbolos mais importantes do bairro Fazendinha, em Curitiba, se tornou alvo fácil para a ação de vândalos. A Casa Klemtz, situada no Bosque Fazendinha, está entre os espaços públicos mais pichados na cidade ao lado do Parque dos Tropeiros, na Cidade Industrial. Por mês, 200 equipamentos públicos ou monumentos são atacados por pichadores. Vandalismo que custa cerca de R$ 1,5 milhão por ano aos cofres públicos, segundo a prefeitura.
Administrada pela Fundação de Ação Social (FAS), a Casa Klemtz é uma Unidade de Interesse de Preservação. O imóvel, construído em 1896, chegou a ser restaurado em 2008, mas hoje está completamente marcado pelo spray. A história do Fazendinha está ligada à trajetória da família Klemtz.
Pós-graduanda em História pela Universidade Tuiuti do Paraná, Talita Lichoveski destaca que a falta de uso do espaço colabora para que ela se torne presa fácil dos pichadores. Há cerca de um ano, a Casa, que abrigava um museu, está fechada.
Talita relata que a casa foi construída pelo imigrante alemão Francisco Klemtz. Em 1887, ele comprou a primeira das três vastas porções de terra na região do Rio Barigui, atual bairro Fazendinha, e construiu uma olaria em sua propriedade. Alguns anos depois, a olaria foi transferida para um local ao lado da residência de sua família, que posteriormente ficou conhecida como Casa Klemtz. Permaneceu ali até o encerramento das atividades, em 1978.
"A olaria de Francisco apresentava-se até o final da década de 1930 como um dos únicos locais de trabalho na região. Por isso, muitas pessoas começaram a morar lá, o que facilitou a ocupação do bairro. Por um bom tempo, os Klemtz exerceram grande influência no cotidiano da comunidade, caracterizando um modo próprio de vida e de relações pessoais e profissionais", explica Talita.
Morador da região, o metalúrgico Alcides da Cruz lamenta a situação em que se encontra a casa. "Isso dá uma sensação de abandono e de desordem", desabafa.
Atualmente, a Casa Klemtz está sob responsabilidade da FAS nos fundos da construção funciona um liceu de ofício, que também sofre com a ação dos vândalos. A assessoria da FAS informa que há um processo administrativo para transferir a administração do espaço à Fundação Cultural de Curitiba (FCC).
A FCC informa que a ideia é transformar o espaço em um centro cultural. Mas antes será feito um levantamento sobre a situação das instalações e do acervo da casa, e um estudo acerca da viabilidade e do impacto financeiro da possível transferência.
Serviço:
Denúncias sobre pichação podem ser feitas no telefone 153 da Guarda Municipal.
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