Casa Klemtz está desocupada há cerca de um ano: paredes marcadas pelo spray| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Fiscalização

Denúncias de pichação em Curitiba dobram em um ano

O número de denúncias de pichação em imóveis públicos e particulares dobrou em Curitiba, segundo informações da Guarda Municipal (GM). Se de janeiro a setembro do ano passado foram registradas 791 denúncias, o mesmo período deste ano contabilizou 1.605. As denúncias resultaram em 256 detenções em flagrante.

Para o diretor da GM, inspetor Cláudio Frederico de Carvalho, o principal fator para o aumento das denúncias é a participação da população. "A sociedade é o nosso principal aliado para combater esse crime. Com a denúncia da população fica mais fácil para fazermos a autuação", afirma.

Carvalho diz ainda que a Guarda realiza rondas em várias localidades da cidade. "Também contamos com o apoio do sistema de monitoramento eletrônico, que contribui para identificar os vândalos", conta. Atualmente, das 175 câmeras existentes na cidade, 130 estão funcionando. "Trinta precisam de manutenção e outras 15 necessitam ser substituídas."

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Crime

A pichação é crime previsto no artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais, cujo flagrante prevê multa de R$ 714,20. O infrator também fica impedido de participar de concurso público municipal por dois anos. Os menores de idade autuados cumprem medidas socioeducativas, como assistir a palestras da Guarda Municipal.

Um dos símbolos mais importantes do bairro Fazendinha, em Curitiba, se tornou alvo fácil para a ação de vândalos. A Casa Klemtz, situada no Bosque Fazendinha, está entre os espaços públicos mais pichados na cidade – ao lado do Parque dos Tropeiros, na Cidade Industrial. Por mês, 200 equipamentos públicos ou monumentos são atacados por pichadores. Vandalismo que custa cerca de R$ 1,5 milhão por ano aos cofres públicos, segundo a prefeitura.

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Administrada pela Fun­dação de Ação Social (FAS), a Casa Klemtz é uma Unidade de Interesse de Preservação. O imóvel, construído em 1896, chegou a ser restaurado em 2008, mas hoje está completamente marcado pelo spray. A história do Fazendinha está ligada à trajetória da família Klemtz.

Pós-graduanda em História pela Universidade Tuiuti do Paraná, Talita Lichoveski destaca que a falta de uso do espaço colabora para que ela se torne presa fácil dos pichadores. Há cerca de um ano, a Casa, que abrigava um museu, está fechada.

Talita relata que a casa foi construída pelo imigrante alemão Francisco Klemtz. Em 1887, ele comprou a primeira das três vastas porções de terra na região do Rio Barigui, atual bairro Fazendinha, e construiu uma olaria em sua propriedade. Alguns anos depois, a olaria foi transferida para um local ao lado da residência de sua família, que posteriormente ficou conhecida como Casa Klemtz. Permaneceu ali até o encerramento das atividades, em 1978.

"A olaria de Francisco apresentava-se até o final da década de 1930 como um dos únicos locais de trabalho na região. Por isso, muitas pessoas começaram a morar lá, o que facilitou a ocupação do bairro. Por um bom tempo, os Klemtz exerceram grande influência no cotidiano da comunidade, caracterizando um modo próprio de vida e de relações pessoais e profissionais", explica Talita.

Morador da região, o metalúrgico Alcides da Cruz lamenta a situação em que se encontra a casa. "Isso dá uma sensação de abandono e de desordem", desabafa.

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Atualmente, a Casa Klemtz está sob responsabilidade da FAS – nos fundos da construção funciona um liceu de ofício, que também sofre com a ação dos vândalos. A assessoria da FAS informa que há um processo administrativo para transferir a administração do espaço à Fundação Cultural de Curitiba (FCC).

A FCC informa que a ideia é transformar o espaço em um centro cultural. Mas antes será feito um levantamento sobre a situação das instalações e do acervo da casa, e um estudo acerca da viabilidade e do impacto financeiro da possível transferência.

Serviço:

Denúncias sobre pichação podem ser feitas no telefone 153 da Guarda Municipal.