O Colégio Estadual Professora Maria Aguiar Teixeira, no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba, é um exemplo de que sem envolvimento social não há solução para a pichação. Foi com diálogo aberto e a partir do entendimento de que o problema também precisaria ser tratado como uma questão cultural dentro da própria escola que o diretor da instituição, Alexandre Torrilhas, conseguiu manter o colégio limpo pelo menos por um tempo.
"A pichação é cultural. Há vários grupos concorrentes (dentro do colégio e na região) e eles querem deixar a marca deles. Mas o que eles gostam mesmo é de grafite", lembra. Com essa percepção, Torrilhas buscou transformar a manifestação marginal em um legítimo ato de expressão.
Em 2005, a escola recebeu o projeto Arte da Paz, do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (Iddeha), que continha várias oficinas de formação para adolescentes, discotecagem, rap, grafite e break. No ano seguinte, o Iddeha levou outro projeto ao colégio, o grafite nos bairros.
Nessas oficinas, iniciou-se um processo de mudança de pensamento entre os alunos. "Eles aprenderam que se picharem, quem vai limpar é a funcionária que eles gostam e respeitam", lembra. De acordo com o diretor, muitos que picham e são flagrados acabam sendo punidos de forma educativa. "Os alunos sabem quando passam do ponto e, por isso, acabam limpando quando picham os corredores da escola", explica.
As oficinas foram interrompidas, mas o colégio, segundo o diretor, continuou discutindo a questão. Em 2009, os professores realizaram um programa interno de grafite, em virtude do aniversário de 50 anos do colégio. Além disso, a escola trabalhou para melhorar a segurança com câmeras, grades e cerca viva.
Retomada
Com três anos de "carência" sem novos projetos como os do Iddeha, o colégio registrou pichações recentes na fachada e no pátio interno da escola. Por isso, Torrilhas está tentando retomar as oficinas de grafite. Ele diz que está aguardando as eleições do grêmio estudantil do colégio para envolver os estudantes oficialmente no projeto. Na sequência, alguns espaços dentro do imóvel da escola serão selecionados para serem grafitados.
Denuncie 153
É o número da Guarda Municipal para denúncias sobre pichações. O denunciante não precisa se identificar. Quanto mais detalhes forem passados sobre os pichadores, mais fácil de eles serem identificados e detidos pela Guarda.
VIDA E CIDADANIA | 0:59
Um novo produto que promete ajudar as vítimas das pichações deve ganhar popularidade nos próximos meses em Curitiba. A reportagem da Gazeta do Povo testou o uso do spray Graffiti Cleaner, recém-importado da França