O que falta em estatura ao garoto Thales Castor dos Santos, morador do bairro São Braz, em Curitiba, sobra em eloquência e habilidade com certas ferramentas. Aos 13 anos, ele manipula os sprays e pincéis de tinta com a mesma desenvoltura com que dispara frases de efeito. Não à toa, foi um dos escolhidos para dar nova cara à fachada de concreto do Colégio Estadual Silvestre Kandora, onde cursa o oitavo ano. O colégio é uma das 30 instituições de ensino da capital que participam de um concurso inédito de pintura de muros, promovido pela Spaipa S/A fabricante e distribuidora da Coca-Cola no Paraná em parceria com a Associação Comercial do Paraná (ACP).
O concurso faz parte da programação do Festival Coca-Cola das Escolas, que neste ano envolveu também colégios de Foz do Iguaçu e Londrina. A ideia é conscientizar os alunos para o problema da pichação e, ao mesmo tempo, colorir as comunidades ao redor das instituições. Como todo concurso, haverá um vencedor. O que, para Thales, "grafiteiro profissional" desde os 11 anos, parece não importar muito.
"Essa é uma parada [a pintura] que tiramos de letra. Mas mesmo não ganhando, o que vale é o incentivo para os outros jovens. O grafite não é vandalismo, é arte", discursa o garoto.
Ao lado do amigo Elvis Arlati, 17 anos, também aluno do Silvestre Kandora, Thales integra o grupo Colorir, que faz grafites pelo bairro. O modus operandi da gurizada segue algumas regras. "A gente junta um dinheirinho, compra as tintas, bate nas casas pra pedir autorização das senhoras e pega a assinatura, pra mostrar depois pra polícia, caso eles apareçam", relata Thales.
A próxima etapa, para todos os estudantes curitibanos envolvidos, é caprichar na propaganda e conseguir votos o concurso é on-line e ocorre durante a semana que vem.
Em Curitiba, a Associação Comercial ficou responsável por contatar comércios e residências vizinhas aos colégios e oferecer o grafite "em vez" da pichação.