O segundo mutirão para limpar pichações e restaurar fachadas de lojas e imóveis começou cedo em Curitiba neste domingo (17). Por volta das 9 horas, representantes de entidades e voluntários se reuniram em quatro pontos da cidade para iniciar o trabalho de limpeza. A ação faz parte da campanha "Pichação é crime. Denuncie", de iniciativa da Associação Comercial do Paraná (ACP), que organizou a primeira mobilização contra a ação dos pichadores em fevereiro deste ano, na Rua XV de Novembro.
A ação deste domingo contemplou estabelecimentos comerciais e imóveis das ruas Isaac Ferreira da Cruz, no bairro Sítio Cercado, Trajano Reis, na região do Largo da Ordem, e XV de Novembro, no centro, além da passarela do bairro Hauer. Os materiais (tintas, solventes pinceis, luvas) foram doados por comerciantes e empresários que atuam nas regiões beneficiadas pela ação.
O pequeno Ian Lucca Pereira, de 5 anos, acompanhou o padrinho Stephan Knecht, de 66 anos, na limpeza das fachadas da Rua XV. "Achei que era uma boa oportunidade para passarmos um tempo junto. Ele está se divertindo e, mais importante, aprendendo que também tem responsabilidade de cuidar dos espaços públicos", diz Knecht, que é suíço e está há sete anos em Curitiba.
A diretora auxiliar do Colégio Manoel Ribas, na Vila Torres, Simony Souza, trouxe um grupo de 15 alunos para ajudar na limpeza das lojas da Rua XV. Na comunidade, uma ação semelhante desenvolvida desde 2011 com a participação dos alunos vem substituindo as pichações por grafite. "A proibição pela proibição acaba instigando os pichadores. Escolhemos um caminho alternativo que está dando certo", diz.
Segundo o vice-presidente da ACP, Camilo Turmina, o principal objetivo dos mutirões de limpeza é mobilizar e envolver empresários e comerciantes da cidade na campanha, para que eles valorizem o seu espaço comercial como um ativo importante para o negócio. "Na primeira ação, realização em fevereiro, pedimos que eles doassem a tinta. Agora estamos pedindo que eles participem da ação, que venham nos ajudar a limpar um espaço que também é deles", afirma Turmina. Mesmo assim, algumas lojas não autorizam a pintura das pichações em suas fachadas.
Sobre a ação dos pichadores, Turmina acredita que uma resposta rápida, feita em conjunto por várias entidades e organizações da sociedade civil, ajuda a desmobilizar os infratores e coloca os cidadãos em alerta. "As pessoas assume o compromisso de zelar pelo local que ajudaram a limpar", diz.
Para Deisi Fonseca, coordenadora de projetos da Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB), entidade que há 13 anos mantém uma equipe para cuidar dos espaços públicos em Curitiba, os mutirões de limpeza são eventos pontuais para mobilização, mas a campanha vai além e quer promover uma mudança de conduta dos infratores por meio da educação.