Anunciada em agosto de 2011 como a cidade sede da 28.ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o Rio de Janeiro acabou reprovado no quesito organização pelo próprio prefeito, Eduardo Paes (PMDB). Nos cinco primeiros dias do evento que termina neste domingo com a Missa de Envio e a Oração do Ângelus, ambas em Copacabana , os peregrinos enfrentaram panes no metrô, falta de ônibus, sobrepreço nos táxis e filas, além do mau tempo, que prejudicou diversos eventos e forçou mudanças de última hora na programação.
Já no dia da chegada do papa, na segunda-feira, o carro que transportava Francisco parou em um congestionamento no centro do Rio. Por alguns minutos, o pontífice ficou exposto à multidão que se aglomerou em torno do veículo, para desespero dos seguranças. Já a paciência dos fiéis foi testada em filas enormes em frente ao sambódromo para a retirada do kit peregrino. Além de boné e camiseta alusivos ao evento, o material continha itens importantes para a estada no Rio, como vales para refeição, transporte e hospedagem.
Nos dias subsequentes, o que se viu foi uma série de problemas no transporte coletivo, principalmente com o metrô. Na tarde de terça-feira, a circulação das linhas 1 e 2 do sistema metroviário carioca foi interrompida devido ao rompimento de um cabo de energia entre as estações Uruguaiana e Carioca. A falha comprometeu o deslocamento de milhares de peregrinos até a missa inaugural da JMJ, em Copacabana.
O sistema metroviário voltaria a enfrentar pane na quarta-feira, dessa vez com uma composição que atenderia o ramal Santa Cruz e que ficou parada na Estação Central devido a uma falha mecânica. No mesmo dia, na estação Inhaúma, um trem teve a viagem interrompida e obrigou os passageiros a descer e andar pela via férrea.
Os problemas continuaram na noite de quinta-feira, no retorno da Missa da Acolhida. Na ocasião, fiéis enfrentaram mais de duas horas de filas para acessar o metrô. Houve relatos de falta de ônibus e cobrança abusiva por parte de taxistas. A concessionária Metrô Rio informou que as filas se formaram porque o sistema de vazão de passageiros não suportou a quantidade de pessoas.
Barreiro
Nada pode ser comparado, porém, com o cancelamento dos eventos no Campo da Fé, estrutura montada em Guaratiba, na zona oeste do Rio. Após ter recebido um palco de 75 metros de largura, além de milhares de banheiros e dezenas de telões, o terreno foi descartado por ter se transformado em um lamaçal devido às fortes chuvas que atingiram o estado carioca na última semana. O jeito foi transferir a programação para Copacabana, a cerca de 50 quilômetros do local inicial, para desespero dos peregrinos que se hospedaram em volta de Guaratiba e para os comerciantes locais que reforçaram os estoques para atender aos fiéis.
Prefeito dá nota "quase zero" à organização
Agência O Globo
O réveillon, o carnaval, a Rio+20 e o show dos Rolling Stones ajudaram a consolidar a experiência do Rio na organização de megaeventos. Mas as falhas registradas na Copa das Confederações e na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) puseram em xeque essa crença. Cobrado, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) disse que a organização do evento se aproxima mais da nota zero do que da nota 10 e defendeu que a prefeitura centralize as decisões sobre a organização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
Paes admitiu limitações porque não poderá comandar a segurança. Mas vai propor à presidente Dilma Rousseff que o governo federal unifique a coordenação da segurança. O prefeito vai também sugerir que concessionárias, como Metrô Rio e SuperVia, adotem os chamados sistemas redundantes um plano B para evitar a suspensão de atividades em caso de defeitos ou acidentes. "Quem sabe o que é importante para a cidade é a prefeitura. A gente tem que intervir mais nos comitês organizadores, prestar mais atenção se estão tomando as decisões certas. Muitas vezes são decisões equivocadas, que não passam pelo poder público. No final, quem é cobrado é o prefeito, que tem que dar a resposta", disse Paes.