Nas seis noites que passará no Rio, na primeira viagem internacional na função, o papa Francisco dormirá numa suíte de 45 metros quadrados, com cama de solteiro, uma pequena mesa de trabalho, cadeira de balanço, poltrona de linho, móvel de cabeceira, frigobar e um estreito banheiro, todo branco e recém-reformado. O quarto é cercado por uma varanda, com vista de parte do jardim do Centro de Estudos do Sumaré, na zona norte.
Francisco tinha a opção de ocupar um aposento de 77 metros quadrados, com escritório, televisão e estante de livros, mas, em abril, durante a visita da equipe responsável pelas viagens do papa, a Arquidiocese do Rio foi avisada de que Francisco queria um quarto semelhante ao dos sete cardeais que ficarão no casarão em estilo clássico construído nos anos 1950, chamado residência Assunção.
"Preparamos tudo bonito e dentro da simplicidade. O papa é muito simples, quer tudo igual para todo mundo", diz Irmã Terezinha Fernandes, de 46 anos, superiora do Sumaré, onde está acostumada a receber grupos que alugam o espaço para retiros, seminários e também para o encontro anual dos bispos brasileiros. Em 25 anos de trabalho no centro de estudos, Irmã Terezinha preparou a recepção ao papa João Paulo II, em 1997, e, sete anos antes, ao cardeal Joseph Ratzinger, depois papa Bento XVI.
Foram necessários três meses de obras para trocar toda a estrutura hidráulica e elétrica, pintar a casa Assunção e reformar o jardim interno. Empresas de telefonia reforçaram a rede, na tentativa de fazer telefones celulares funcionarem - coisa rara no Sumaré. A rede Wi-Fi costuma funcionar bem, diz Irmã Terezinha. "Mas a gente tem que conversar um pouquinho com São Pedro, porque se vier chuva de vento a gente fica sem internet", brinca ela, no refeitório do Sumaré, depois de preparar um prato de pães de queijo iguais aos que serão servidos a Francisco, assados em forminhas de empada.
O cardápio das refeições principais ainda não está fechado. "Mas vai ter arroz, feijão e um suflê de milho que deixa todos que vêm aqui maravilhados", diz Irmã Terezinha, que normalmente trabalha com mais quatro freiras e terá o reforço de outras 15, todas do Instituto Nossa Senhora do Bom Conselho, durante a estada do papa. A louça em que serão servidas as refeições do papa e sua comitiva e as toalhas de banho terão o símbolo da Arquidiocese do Rio, e não da Santa Sé. "Foi outra recomendação do Vaticano", conta Terezinha.
Por causa das tarefas para atender Francisco e sua comitiva de 40 pessoas, as freiras do Sumaré não poderão assistir aos eventos da Jornada Mundial da Juventude, na Praia de Copacabana (zona sul) e em Guaratiba (zona oeste). "Nossa Jornada é aqui mesmo", diz Terezinha, que se considera privilegiada por organizar a recepção de dois papas.
Na residência Assunção, o papa terá à disposição uma pequena capela, no térreo. As missas matinais serão rezadas na capela Esplendor da Glória do Pai. A maior parte das peças da igreja, inclusive um crucifixo em que Jesus não está com as mãos pregadas, mas em um gesto de acolhimento, foi feita pela Irmã Cenira Bicalho, artista plástica do Rio Grande do Sul.
No gramado em frente à casa que o abrigará, o pontífice vai plantar uma muda de pau-brasil, que já está em um vaso, à espera de Francisco. Ficará entre outras duas árvores, uma frondosa e outra que não vingou direito, plantadas por João Paulo II nas duas vezes em que se hospedou no Sumaré, em 1980 e em 1997. Ao chegar à residência Assunção, o pontífice passará por um portão de 270 anos, que pertenceu à antiga Igreja de São Pedro dos Clérigos, no centro, demolida em 1944 para a construção da avenida Presidente Vargas. Em madeira escura, contrasta com o branco que domina o casarão.
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