A Princesinha do Mar, antes “plano B”, virou palco principal da Jornada Mundial da Juventude| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Cenário frequente da vibração profana do rock n’roll, da irreverência das paradas gays e do chopinho sem compromisso do pós-praia, Copacabana tem uma história intimamente ligada à fé. A começar pelo próprio nome de batismo, que pegou emprestado de um povoado às margens do Lago Titicaca, encravado na fronteira da Bolívia com o Peru. A saga da nossa Princesinha do Mar, "plano B" que virou palco principal desta Jornada Mundial da Juventude, remonta à Bolívia do século XVI. Nobre descendente da família real inca convertido ao cristianismo, Francisco Tito Yupanqui fez sua devoção à Nossa Senhora de Copacabana atravessar séculos, fronteiras e ganhar terras tupiniquins.

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O historiador Severino Vicente da Silva, professor da Universidade Federal de Pernambuco, lembra que o Brasil colonial tinha uma expressiva relação comercial com os países andinos. O intercâmbio religioso também era consistente. Não tardou para que a Virgem de Copacabana, que arrastava multidões em romarias bolivianas, fosse homenageada por aqui.

"Os jesuítas que atuavam no começo da ocupação da América não atuavam dentro dos limites políticos conhecidos hoje, que só foram estabelecidos após 1750. Havia uma movimentação muito grande pelos rios. A Copacabana do Rio é originária dessa devoção boliviana", diz o historiador.

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O também historiador Nireu Cavalcanti lembra que há dúvidas envolvendo o paradeiro de uma imagem da santa que teria sido trazida ao Rio. "Alguns historiadores inclusive garantem que a imagem da santa veio de lá para a Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso, no Centro, antes de ser transferida para a Zona Sul. Depois, esta imagem teria sumido", relata.

Em 1746, a santa batizou uma simpática igrejinha onde hoje está o Forte Copacabana. Se a construção não existe mais – deu lugar à moderna Paróquia da Ressurreição, erguida em 1975 – a devoção católica jamais perdeu peso: a Copacabana carioca tem hoje 63,3% de católicos, contra 9,1% de espiritualistas (adeptos da umbanda e do candomblé), 7,6% de evangélicos pentecostais, 4,3% de adeptos de religiões orientais, 1,7% de protestantes e 2% que seguem "outras religiões". Os ateus somam 12%, de acordo com a Kartor Consultoria, em estudo feito com base em dados do IBGE 2010.