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O papa é pop

O inexplicável carisma de Francisco

O beijo no rosto das crianças: gesto que marcou a visita papal no Brasil | Stefano Rellandini/Reuters
O beijo no rosto das crianças: gesto que marcou a visita papal no Brasil (Foto: Stefano Rellandini/Reuters)
Peregrinos saúdam o pontífice na Quinta da Boa Vista, no Rio |

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Peregrinos saúdam o pontífice na Quinta da Boa Vista, no Rio

Jovem católicos rezaram o Pai Nosso na caminhada de ontem |

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Jovem católicos rezaram o Pai Nosso na caminhada de ontem

O papa Francisco termina hoje, no Brasil, a sua primeira viagem internacional como chefe supremo da Igreja Católica. Às 18h30, ele volta para o Vaticano depois de deixar um rastro de esperança e admiração. Nem mesmo as confusões de infraestrutura e segurança da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2013 ou a mensagem exigente de Francisco, coerente com a ortodoxia católica, diminuíram o entusiasmo dos peregrinos que lotaram as ruas e os atos de culto para ver, nem que fosse por poucos instantes, o homem de branco.

Não é fácil explicar esse sucesso. Quem caminhou pelas ruas da praia de Copacabana, entre os mais de 2 milhões de peregrinos que passaram horas embaixo de chuva para conseguir um bom lugar e assim poder ver de perto o papamóvel, pôde presenciar a comoção geral do público. Choro, gritos de alegria, empurrões nos outros com as mãos estendidas na tentativa de tocar o papa, nem que fosse apenas na batina. Nada mau para um homem de 76 anos.

"Na verdade, é difícil explicar por que ele atrai tanto. O que sei é que nunca me senti tão feliz e disposta a mudar", expressou a estudante goiana Dalcilene Lopes Lima, de 16 anos. "É como se eu tivesse a oportunidade de recomeçar e deixar para trás os erros do passado", disse, em lágrimas, a professora venezuelana Andrea de Freitas, de 20 anos, logo após ver o papa.

"Um de nós"

O sorriso espontâneo e o caminhar à vontade pelo povo, especialmente entre os mais pobres, como foi o caso da visita à favela da Varginha, no Rio de Janeiro, surpreendeu e fez desaparecer qualquer distância protocolar. Enquanto os agentes de segurança transpareciam a preocupação de transitar com o pontífice pelas zonas de perigo na multidão, Francisco subia e descia do papamóvel com tranquilidade, para beijar uma criança ou fazer uma foto com um favelado. "Ele é uma pessoa do povo, é um de nós, está feliz conosco", exultou Maria da Conceição Luiz, de 28 anos, moradora de Varginha.

As constantes alusões aos problemas sociais e a questões dolorosas, como a lembrança do incêndio na Boate Kiss durante a Via Sacra de sexta-feira, convenceu a muitos do seu real interesse e envolvimento pelos dramas humanos. "Foi assim que ele conquistou a Argentina, ao visitar favelas e zonas de risco, desde quando era um mero jesuíta", comentou a jornalista argentina Laura Cerezo, da Rádio Cadena 3.

A linguagem simples, com expressões comuns, do homem da rua, como "colocar mais água no feijão" ou "boto fé nos jovens", contribuíram ainda mais para tocar o coração dos fiéis. "O papa tem uma alma jovem. Mais do que falar só com termos doutrinais ele convida, com palavras do nosso cotidiano, a ter uma vida com Deus compatível com a atualidade, sem deixar o essencial da fé; estou convencida", disse a estudante paulista Natália Finazzi, de 18 anos.

Peregrinação toma conta das ruas do Rio

Folhapress

Teve de tudo na peregrinação, a tradicional caminhada dos católicos que participam da Jornada Mundial da Juventude, entre a Central do Brasil e a praia de Copacabana, ontem à tarde. Quem percorreu os 9,5 quilômetros do "trajeto oficial", encontrou um corredor humano num cenário de absoluta tranquilidade e, principalmente, de satisfação pela mudança do local do evento de Guaratiba para Copacabana.

"Foi muito melhor. A estrutura lá não era adequada", comemorou o estudante de administração Ênio Marques, 21 anos, de Garanhuns (PE). Acompanhando um grupo de 250 australianos, a estudante Ceare Murphy, 16 anos, foi outra que não escondeu a satisfação em fazer um roteiro que passa por alguns dos cartões postais do Rio. Apesar do trajeto oficial ter sido delimitado pela prefeitura, muita gente criou caminhos alternativos para cumprir o ritual de fé que é tradicional na programação do evento religioso.

Desde cedo, os fiéis lotaram as ruas do centro do Rio. A maioria carregava sacos de dormir e cobertores, já que muitos iriam passar a noite em vigília na praia de Copacabana. Alguns caminhavam de mãos dadas e rezavam a oração do Pai Nosso em voz alta. Os peregrinos receberam um "kit vigília", com achocolatado, sucos, batata frita, queijo. A retirada da "quentinha" dos fiéis gerou uma fila imensa em meio ao trajeto.

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