Em discurso dirigido à classe política brasileira, o papa Francisco defendeu ontem o diálogo e a "a cultura do encontro" para resolver tensões políticas. O pontífice voltou a se referir ao tema citando a ética e cobrando reabilitação em encontro com representantes da sociedade civil no Teatro Municipal do Rio. "O futuro hoje exige reabilitar a política. O sentido ético é um desafio sem precedentes", afirmou, em espanhol.
Em alusão aos protestos, disse que uma democracia precisa da "vigorosa contribuição das energias morais" para evitar a "pura lógica da representação dos interesses constituídos". "Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade."
Mais cedo, em missa para o clérigo na Catedral Metropolitana do Rio, o papa Francisco criticou os "dogmas modernos" da eficiência e do pragmatismo, que regem "as relações humanas", e exortou seus sacerdotes a priorizar a favela. "Infelizmente, ganhou espaço a cultura da exclusão, a cultura do descartável. Não há lugar para o idoso nem para o filho indesejado. Não há tempo para se deter com o pobre caído à margem da estrada. Às vezes parece que, para alguns, as relações humanas sejam regidas por dois dogmas modernos: eficiência e pragmatismo", disse. Dirigindo-se aos religiosos, Francisco pediu-lhes que "tenham a coragem de ir contra a corrente" e de promover a "cultura do encontro". Ao sair da igreja em forma de cone, o papa foi recebido por uma multidão que se aglomerou no cordão de isolamento.
Acampamento
A praia de Copacabana amanheceu lotada de barracas de camping, armadas por peregrinos que tentavam garantir lugar perto do palco principal da Jornada para a vigília da noite de sábado. A limpeza, tanto na areia quanto nas ruas do bairro, deixava evidente a diferença do evento em relação a outros que acontecem no local, como o Réveillon e o Carnaval.