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Barracões do Porto Matarazzo: instalações estariam sendo disputadas por empresas nacionais para novas ocupações | Fotos: Carolina Gabardo Belo/ Gazeta do Povo
Barracões do Porto Matarazzo: instalações estariam sendo disputadas por empresas nacionais para novas ocupações| Foto: Fotos: Carolina Gabardo Belo/ Gazeta do Povo
  • Complexo Matarazzo alavancou o desenvolvimento de Antonina, há 100 anos
  • Conheça a estrutura do complexo Matarazzo

Por mais de 50 anos, Anto­nina passou por um promissor período econômico. A cidade presenciou, na década de 1910, a instalação do primeiro porto particular do país, que por mais de cinco décadas alavancou seu desenvolvimento. O Complexo Matarazzo, como eram conhecidas as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, mantinha em funcionamento moinhos de trigo, sal, açúcar e erva mate, tornando-se a principal empregadora do município.

Veja o roteiro de visitação pelos edifícios de Antonina que foram tombados pelo Iphan

Apesar da gloriosa história, restaram apenas edifícios danificados pelo tempo, que aguardam restaurações. A ocupação do conjunto Matarazzo é alvo de uma briga entre herdeiros do fundador das indústrias, que veio à tona com a divulgação do tombamento de partes do complexo pelo Instituto do Patri­mônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em julho deste ano. A sócia majoritária da empresa Miniterras Agropastoril Ltda, Eneida Mataraz­zo, proprietária do complexo, se diz contrária ao tombamento, uma vez que pretende dar continuidade ao funcionamento do local, inativo desde 1970 e desde então conduzido por arrendatários. De acordo com ela, o tombamento vai impedir a reabertura dos barracões. "Estou surpresa com a quantidade de grandes empresas que querem o Porto Matarazzo. Elas oferecem valores altos pelas instalações, afirmam que irão aprofundar o calado do porto e ainda utilizá-lo de diversas formas, como para construir navios, contêineres e outros", afirma. O filho de Eneida se diz proprietário do local e é a favor da integração do complexo à área tombada. A reportagem não conseguiu localizar o empresário para falar sobre o assunto.

A solução do caso está em andamento na Justiça, mas de acordo com o arquiteto Moisés J. Stival Soares, do Iphan no Paraná, o tombamento não representa o fim das atividades do complexo. "As áreas de menor importância histórica, que são aquelas que estão mais próximas à Baía de Antonina, podem ser substituídas por novas edificações. Para preservar o prédio é preciso dar uso para ele", diz.

Histórica

Antonina já está legalmente tombada, mas o parecer definitivo do Iphan ainda não tem data para ser divulgado. O caráter histórico da cidade foi significante para seu tombamento. Antes mesmo de Minas Gerais, o município se destacou com o primeiro ciclo do ouro brasileiro no século 17. Além disso, sua arquite­tura apresenta edifícios com características luso-brasileira (referente ao Brasil Colônia), eclética (dos tempos do império) e art-deco (manifestação modernista do início do século 20).Para garantir que as características histórias sejam conservadas, além dos prédios tombados, uma área de entorno também é protegida. O objetivo é evitar a descaracterização de Antonina. "Não é preciso copiar o estilo colonial ou eclético em todos os edifícios, mas garantir que eles se harmonizem com o conjunto", explica o arquiteto. Desta forma, alguns procedimentos mudam para os moradores, entre eles a necessidade de apresentar previamente ao Iphan os projetos de restauração, orçamentos e propostas de alteração no uso das edificações.

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