Mar, areia e a curtição na beira da praia são apenas parte das atrações do litoral do Paraná. A região também guarda uma rica manifestação cultural. Ao chegar em uma localidade, é possível conhecer, além das belas paisagens, comunidades que têm muito a mostrar para os visitantes.
Tanto nas ilhas pouco visitadas quanto nas cidades mais movimentadas, como Paranaguá, Guaraqueçaba ou Pontal do Paraná, a cultura caiçara ainda passa despercebida entre as paisagens. No entanto, ignorar essa riqueza significa não saber da própria história do estado. "Conhecer a cultura caiçara é conhecer nossa raiz, as manifestações autênticas do povo do litoral, que muitas vezes não tem a oportunidade de se manifestar, de mostrar sua produção nem sua maneira de viver", avalia o dramaturgo e ex-secretário municipal de Cultura de Antonina, Rafael Camargo.
O termo caiçara designa as comunidades tradicionais, fruto da miscigenação entre indígenas e colonizadores, que ainda vivem em contato íntimo com a natureza, dependentes da pesca e da agricultura. Apenas na baía de Guaraqueçaba são cerca de 50 comunidades, que têm entre as suas principais características algo raro nas sociedades modernas: um ritmo de vida simples e tranquilo. Esta cultura também se manifesta por meio do fandango, dança típica do litoral paranaense, nas apresentações dos violeiros e na culinária, baseada na utilização de banana e mandioca.
Surpresa
"Quando o turista vai para a praia já sabe o que vai encontrar. Mas quando ele se atenta em buscar coisas que só aquela localidade pode proporcionar, a viagem é muito mais rica, faz toda a diferença", ressalta o produtor cultural Eduardo Schotten, que mora em Guaraqueçaba. O roteiro cultural reserva experiências interessantes. O turista pode acompanhar os rituais de pesca, fazer passeios em embarcações típicas caiçaras, como a canoa de um pau só, ou ainda acompanhar a iluminada movimentação do plâncton nas águas.
Enquanto o visitante se intera da realidade local, a comunidade também sai fortalecida. "Isso gera cidadania, principalmente entre os jovens, que se interessam pelo nosso passado para mostrá-lo aos visitantes", afirma o mobilizador local da Ilha das Peças, Renato Pereira de Siqueira. Ele conta que este tipo de turismo está crescendo entre os visitantes de outros estados, mas ainda é restrito a pesquisadores de áreas específicas, que pretendem conhecer mais a fundo as realidades tradicionais, como de curandeiros e pescadores, por exemplo. Porém, independente da procedência do visitante, o que ele encontra na comunidade caiçara chama a atenção. "A natureza desperta a emoção nas pessoas. Coisas que são comuns para nós se destacam para o turista. Algumas pessoas chegam a chorar quando veem os golfinhos", conta.
A proximidade com a natureza foi o que mais chamou a atenção da bancária Vania Bellinie, durante um roteiro que fez pelas comunidades caiçaras. O modo de vida tradicional, mesmo que muito distante de sua realidade, fez com que ela refletisse sobre as possibilidades de existência. "Nos faz pensar que as pessoas ainda podem viver de forma muito simples." Ela sugere que, para realmente conhecer a comunidade que está visitando, o segredo é se enquadrar no ritmo de vida das pessoas, participando da rotina local.
Interatividade
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A repórter viajou à convite da Gondwana Brasil Ecoturismo