Todo mês de julho é tempo de intensa atividade cultural em Antonina. Neste ano, a 21ª edição do Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná (UFPR) encheu ruas, praças e o tradicional casario da cidade com atividades musicais e artísticas entre os dias 9 e 16 de julho. O evento é um dos mais importantes do calendário acadêmico e municipal. Durante uma semana, a cidade recebeu cerca de 40 oficinas, apresentações culturais diárias em espaços públicos e atividades para as crianças.
Neste ano, a realização do evento teve um significado especial. A cidade ainda se recupera dos estragos causados pelas chuvas que atingiram o litoral no mês de março, o que atrasou a organização do festival. Mesmo com a situação delicada, o evento foi mantido em Antonina. "Tivemos uma organização tardia por conta das chuvas e a produção foi mais corrida. Porém, o município entrou em um consenso de que não deveríamos interromper o evento e, sim, minimizar ao máximo o impacto da tragédia na rotina da cidade, para que ela volte mais rápido ao normal", disse o secretário municipal de Cultura, Marcelo Vieira Gomes. Para potencializar a economia da cidade, todas as barracas de gastronomia e artesanato que abasteceram o festival foram ocupadas por cooperativas locais.
Troca
Ao mesmo tempo em que representa uma oportunidade de vivência para os estudantes fora do campus da universidade, o Festival de Inverno é uma oportunidade de crescimento para a cidade. A população participa intensamente, em especial nas oficinas que servem como aprimoramento para a geração de renda. Nesta edição, entre os 585 participantes das atividades, 449 eram antoninenses. "Isto agrega valor à comunidade, como uma fonte de renda extra. É uma troca de saberes e também de cultura", observa o secretário. "O festival proporciona oportunidade de crescimento para as pessoas. A universidade vai até elas de uma maneira democrática, sem vestibular nem processo seletivo", afirma o vice-reitor da UFPR, Rogério Andrade Mulinari.
O que é aprendido durante o festival pode ser aplicado em outros eventos importantes de Antonina. Integrantes de todas as escolas de samba locais participaram de uma oficina de alegorias e adereços, ministrada pelo carnavalesco e figurinista André Marins, que trabalha em agremiações do Rio de Janeiro. Os participantes resgataram os enredos antigos e criaram novos figurinos.
Para a fisioterapeuta Celina de Camargo Machado, 33 anos, que desfila desde os três anos de idade e também ajuda na confecção de alegorias em sua escola, a oficina serviu para aperfeiçoar a preparação das fantasias. "Aprendi técnicas que simplificam o trabalho e que usam materiais mais simples. É muito bom ver outros aspectos de produção", diz. O carnavalesco conta que se surpreendeu com a tradição da cidade. "Me deparei com pessoas que são capazes de trabalhar muito bem em um carnaval no Rio de Janeiro. Não vim ensinar nada a eles, mas facilitar o trabalho", afirma.