Música nas ruelas históricas de Antonina: festival da Federal chega à 21ª edição| Foto: Fotos: Marcelo ELias/Gazeta do Povo

Identidade

Vida dedicada ao festival

O som do saxofone que ecoou pelas ruas de Antonina, durante do Festival de Inverno da UFPR, encantou aqueles que ouviram a apresentação do estudante do curso de produção sonora Cainã Alves (foto), 20 anos. O que poucos sabem é que a paixão do jovem antoninense pela música cresceu no mesmo ritmo em que ele, ano a ano, participava do evento.

Cainã praticamente nasceu com o festival. Com um ano de idade, a mãe dele o inscreveu nas atividades infantis da primeira edição. Juntos, também assistiam aos shows. As primeiras oficinas aconteceram na década de 90, quando ele ingressou na Filarmônica Antoninense, de onde nunca mais saiu.

A relação de Cainã com o festival não ficou restrita às oficinas na sua cidade natal. Aos 17 anos, o jovem passou no vestibular da UFPR em Curitiba e um dos primeiros contatos que fez na universidade foi com a organização do evento. Em 2011, o estudante completou quatro anos de trabalho, entre apresentações, oficinas e atividades internas. A formatura, programada para o fim do ano, não deve encerrar a participação de Cainã. "Pretendo apresentar uma proposta para ser ministrante de uma oficina", conta. "O festival reúne cultura, diversão, troca de informações. Tudo isso representa um crescimento intelectual com especialistas. Para mim, ele foi determinante."

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Cainã Alves
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Todo mês de julho é tempo de intensa atividade cultural em Antonina. Neste ano, a 21ª edição do Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná (UFPR) encheu ruas, praças e o tradicional casario da cidade com atividades musicais e artísticas entre os dias 9 e 16 de julho. O evento é um dos mais importantes do calendário acadêmico e municipal. Durante uma semana, a cidade recebeu cerca de 40 oficinas, apresentações culturais diárias em espaços públicos e atividades para as crianças.

Neste ano, a realização do evento teve um significado especial. A cidade ainda se recupera dos estragos causados pelas chuvas que atingiram o litoral no mês de março, o que atrasou a organização do festival. Mesmo com a situação delicada, o evento foi mantido em Antonina. "Tivemos uma organização tardia por conta das chuvas e a produção foi mais corrida. Porém, o município entrou em um consenso de que não deveríamos interromper o evento e, sim, minimizar ao máximo o impacto da tragédia na rotina da cidade, para que ela volte mais rápido ao normal", disse o secretário municipal de Cultura, Marcelo Vieira Gomes. Para potencializar a economia da cidade, todas as barracas de gastronomia e artesanato que abasteceram o festival foram ocupadas por cooperativas locais.

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Troca

Ao mesmo tempo em que representa uma oportunidade de vivência para os estudantes fora do campus da universidade, o Festival de Inverno é uma oportunidade de crescimento para a cidade. A população participa intensamente, em especial nas oficinas que servem como aprimoramento para a geração de renda. Nesta edição, entre os 585 participantes das atividades, 449 eram antoninenses. "Isto agrega valor à comunidade, como uma fonte de renda extra. É uma troca de saberes e também de cultura", observa o secretário. "O festival proporciona oportunidade de crescimento para as pessoas. A universidade vai até elas de uma maneira democrática, sem vestibular nem processo seletivo", afirma o vice-reitor da UFPR, Rogério Andrade Mulinari.

O que é aprendido durante o festival pode ser aplicado em outros eventos importantes de Antonina. Integrantes de todas as escolas de samba locais participaram de uma oficina de alegorias e adereços, ministrada pelo carnavalesco e figurinista André Marins, que trabalha em agremiações do Rio de Janeiro. Os participantes resgataram os enredos antigos e criaram novos figurinos.

Para a fisioterapeuta Celina de Camargo Machado, 33 anos, que desfila desde os três anos de idade e também ajuda na confecção de alegorias em sua escola, a oficina serviu para aperfeiçoar a preparação das fantasias. "Aprendi técnicas que simplificam o trabalho e que usam materiais mais simples. É muito bom ver outros aspectos de produção", diz. O carnavalesco conta que se surpreendeu com a tradição da cidade. "Me deparei com pessoas que são capazes de trabalhar muito bem em um carnaval no Rio de Janeiro. Não vim ensinar nada a eles, mas facilitar o trabalho", afirma.