Pendurado na parede, um pequeno anúncio no jornal de Antonina, datado de 12 de novembro de 1911, revela muito mais do que um estabelecimento com "completo sortimento de drogas, productos chimicos e pharmaceuticos ou preparados nacionaes e estrangeiros". Publicado há 100 anos, o anúncio prova que a Farmácia Internacional está entre as mais antigas em funcionamento no estado.
Centenária, a pharmacia tornou-se uma espécie de museu, que mantém as portas abertas para a população. O local guarda cerca de 3 mil objetos, como frascos, equipamentos e medicamentos antigos, além de mobiliário original, da década de 1930. Tudo que fica exposto aos visitantes é mantido pelo farmacêutico André Luiz Picanço Carraro, 58 anos, que há seis entrou com o pedido de tombamento pelo patrimônio histórico estadual e federal. "Esta farmácia não pertence mais somente à minha família. Faz parte de Antonina e é um ponto turístico da cidade. Seria muito egoísmo da minha parte fechar as portas e cobrar ingresso aos visitantes", afirma.
Carraro herdou o estabelecimento de seu pai, que foi oficial de farmácia e adquiriu o prédio em 1940. Ele conta que, naquela época, um consultório médico funcionava no piso superior do imóvel e, no mesmo lugar, o paciente era consultado, passava por exames simples e comprava seus medicamentos manipulados.
Receitas da vovó
Desde 1976 à frente do negócio, o farmacêutico alia a história com métodos modernos de atendimento. De frente para a balança de ponteiros, uma balança digital se encarrega de aferir a pressão arterial, o peso e a altura do cliente. "Manter a farmácia como um museu é importante para que os jovens de hoje conheçam, ao vivo e em cores, como era a realidade ontem", diz.
Entre tantas mudanças de gerações, o que Carraro mais sente falta é da produção dos medicamentos manipulados, que deixaram de ser feitos na Farmácia Internacional após determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Quando ainda era recém-formado, o farmacêutico chegou a produzir mais de 170 medicamentos diferentes, como xarope de guaco ou limão bravo e água vegeto mineral canforada. Ele ressalta que se tratava de produtos dificilmente encontrados nas grandes redes de drogarias e que eram muito eficientes.
Mesmo com a chegada da tecnologia, Carraro ainda faz questão de manter duas tradições dos tempos passados. Como muitas cidades do interior, o estabelecimento é fechado durante o horário de almoço e, além de uma caixa com medicamentos, o cliente leva para casa uma palavra amiga. "Consigo aliar o profissionalismo farmacêutico com a ajuda à comunidade. Ás vezes um conselho é suficiente para melhorar o astral do paciente", garante.
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