A casquinha de siri não é o único modo de preparo do crustáceo. Ele é ingrediente de destaque nas refeições de quem vive na praia. Os cardápios dos restaurantes do litoral oferecem pratos variados preparados a partir da iguaria: bolinho, ensopado, pastel, panqueca, quibe ou até mesmo hamburguer.
Com grande produção e culinária diversificada, Antonina já é considerada a capital do siri. De acordo com estimativas da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente e da Colônia de Pescadores, cerca de 400 pescadores dependem da cata do crustáceo. A atividade movimenta a economia do município e o número de famílias envolvidas neste mercado tende a aumentar, com a profissionalização na culinária na comunidade.
A cozinheira Jaci Dias Pereira, 60 anos, é uma das principais responsáveis pela popularização do siri na gastronomia local. Ela é a presidente da Associação dos Moradores do Portinho, Graciosa de Cima e Graciosa de Baixo conhecida como Siri do Portinho e também acompanha o marido na cata do crustáceo há quatro décadas. Para Jaci, o siri é o sustento da casa e o que financia a criação dos filhos. Ela conta que há alguns anos o ingrediente era pouco consumido na cidade e destinado quase que inteiramente para mercados de Santos e São Paulo, por intermediadores. "Depois que participei de um curso sobre cooperativismo, percebi o valor que o nosso produto tem", conta. Foi então que começou a mobilização para aumentar o consumo local, fazendo com que todos os restaurantes da cidade também investissem no prato e passassem a oferecer preparações variadas no cardápio.
A criação de uma associação de moradores foi uma das ações para fomentar a produção e utilização do siri na gastronomia de Antonina. Além de oficinas de artesanato e informática para geração de renda da comunidade, na sede da entidade, inaugurada em dezembro de 2008, funciona uma cozinha-escola e um restaurante. O estabelecimento abre nos fins de semana, com cardápio à base de siri e outros frutos do mar. As receitas são das próprias cozinheiras e demais mulheres da comunidade, que há décadas preparam os pratos com a carne do siri capturado em família.
Fresco
Disponível durante todo o ano, o siri vai direto da baía de Antonina para a mesa. Os pescadores demoram três horas para chegar aos pesqueiros e saem da cidade com a maré ainda baixa. Quando voltam, retiram a carne e já colocam à venda e para a produção dos pratos.
O ideal é retirar a carne do siri após o cozimento, em que ele é colocado vivo na panela com água fervente. Isso garante que a carne fique firme e não esfarele. No caso da carne congelada, ela deve descongelar dentro da geladeira. Outra dica da cozinheira Jaci é utilizar temperos frescos, cortados na hora da preparação do prato.
Serviço:
A Associação de Moradores Siri do Portinho serve os pratos feitos com siri durante os finais de semana. Rua Escoteiro Milton Oribe, 395 - Portinho de Baixo, Antonina. Fone 41-3432-4851