Manejo
Mitos e informações equivocadas sobre a criação de búfalos impedem que mais produtores invistam nos bubalinos
- Os animais não furam a cerca. Apenas quando estão com pouco alimento os búfalos tentam sair da área de criação. "Eles são menos conformados que os bois para a fome", explica o veterinário José Lino Martinez.
- Búfalos são dóceis desde que o manejo seja regular. Quando estão desacostumados com a presença dos criadores, ficam mais agressivos.
- Não é preciso grande quantidade de água nos criadouros. Áreas de sombra são suficientes. A exposição excessiva ao sol causa queimaduras na pele dos búfalos.
- O manejo de bubalinos não precisa ser tão refinado. Os resultados são eficientes mesmo quando submetidos a condições simples.
- Além de ambientes quentes e úmidos, os búfalos também podem ser submetidos a baixas temperaturas.
Fonte: Iapar
Cerca de 50 fazendas, localizadas principalmente em Morretes, Antonina e Guaraqueçaba, investem na criação de búfalos para produção de leite, carne e venda de bezerros. De acordo com o Censo Agropecuário de 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), último levantamento regional disponível, o litoral do Paraná tem 3,5 mil animais.
O número já foi maior. A partir de meados da década de 1990, os rebanhos começaram a ser transferidos para outras regiões do estado. A legislação ambiental de preservação da Mata Atlântica, que restringe a produção agropecuária no litoral, é apontada pelos criadores como a principal responsável pelo declínio da atividade.
As primeiras propriedades bubalinas se instalaram na região há 30 anos, atraídas principalmente pelo preço da terra, as condições de solo e de clima. Com essas vantagens, o engenheiro agrônomo Ugo Rodacki decidiu iniciar a criação de búfalos. Hoje ele investe na produção de queijo e na criação de bezerros. "No Paraná, o criador não tem o rebanho de búfalos como sua principal atividade", analisa. Mesmo sem histórico de criação no estado, as características do animal compensam a atividade.
Diferente dos bovinos, os búfalos se adaptam com mais facilidade a regiões com solos considerados pobres, tanto em nutrientes quanto no relevo, como os terrenos acidentados. "Esse animal tem a capacidade de produção muito alta. Mesmo em pastagens com condições mais pobres, os búfalos apresentam desempenho muito superior aos bovinos", garante o médico veterinário José Lino Martinez, pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). O órgão possui em Morretes uma estação experimental onde são realizados estudos de alimentação e reprodução dos animais.
A taxa de natalidade em uma fazenda de gado é de aproximadamente 60%. Entre as vacas búfalas, o índice é superior a 85%. Outra qualidade apontada é a baixa ocorrência de problemas de saúde e de carrapatos, além da alta tolerância a vermes intestinais.
No mercado
O litoral é responsável pela produção média de três mil quilos de queijo de búfalo por mês, de acordo com a Associação Paranaense de Criadores de Búfalos (Abupar). Na produção de carne, o búfalo é abatido em frigoríficos da região metropolitana de Curitiba, mas sem oferta regular, a carne se mistura com a bovina e não é identificada. Esta situação impossibilita uma estimativa do volume de carne diponibilizada para o mercado consumidor. A diferença entre as duas está na cor: quando crua, a de búfalo tem o tom de vermelho mais escuro que a de boi, e a gordura é mais branca, enquanto a bovina é mais amarelada. Depois de preparada, dificilmente é possível diferenciá-la. A carne de búfalo também possui menos colesterol do que a de boi.
Rico em cálcio e com alto rendimento o dobro em relação ao bovino , a destinação principal do leite bubalino é a produção da mussarela. "Não compensa vender o leite para consumo, pois ele possui mais teor de cálcio e tem rentabilidade maior para a produção de queijo, além do sabor inigualável", afirma o produtor Rodacki. Assim como a carne, a industrialização do laticínio sofre com a pouca produção. Tanto que grande parte do produto consumido no estado vem de outras regiões do país.