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Peixe seco é a base do prato simples de Pontal do Paraná | Priscila Forone
Peixe seco é a base do prato simples de Pontal do Paraná| Foto: Priscila Forone
  • Além de dar nome ao prato que leva o peixe seco ou defumado, banana da terra, temperos e a farinha de mandioca utilizada no pirão, cambira também se refere a todo tipo de peixe de água salgada que passa pelo tradicional processo de defumação e secagem

A combinação do sabor marcante do peixe seco ou defumado com a suavidade da banana da terra é o segredo da cambira, um prato exótico e típico do litoral. Durante muito tempo, a iguaria ficou restrita à mesa e ao paladar caiçaras. Até que, em 2006, foi adotado como prato típico de Pontal do Paraná. Antes do reconhecimento, porém, a cambira precisou vencer o preconceito dos moradores e dos próprios caiçaras, que não acreditavam no potencial de um prato tão simples, mas cheio de sabor e história.

A origem da cambira está relacionada à chegada dos portugueses no litoral paranaense. Entre a diversidade de especiarias e condimentos, eles trouxeram o sal, importante para a conservação dos alimentos. O produto mudou a alimentação caiçara: o peixe, que antes precisava ser consumido rapidamente, passou a ser salgado e defumado na cambira, uma espécie de varal feito com um cipó da região, que dá nome ao prato.

A ideia de resgatar a cambira e transformá-la em prato típico de Pontal do Paraná surgiu durante um Fórum de Desenvolvimento Local, promovido pelo Sebrae/PR. A turismóloga Francisca Moura Kaminski, secretária de Desen­­volvimento do município, foi responsável pelo levantamento de informações sobre a iguaria, junto às comunidades caiçaras da região. No início, a proposta não agradou à po­­pulação local, que re­­jeitou a ideia de reconhecer a preparação simples como oficial da cidade.

A simplicidade da cambira – sua principal qualidade – contribuiu para que o prato acabasse desconhecido até mesmo por donos de restaurantes, moradores e turistas. "Assim como o barreado, a cambira é um patrimônio gastronômico de todo o litoral e não de uma cidade específica. Hoje, os nativos já têm orgulho de dizer que a cambira é um típico prato caiçara", comemora Francisca.

Barreira

A dificuldade para encontrar o peixe seco ou defumado nos mercados do litoral paranaense ainda é uma barreira à popularização e a inclusão do prato no cardápio dos restaurantes locais. Uma das alternativas para solucionar esse problema pode vir de uma cooperativa de pescadores artesanais de Balneário Barra do Sul, em Santa Catarina. Lá foi criado o Projeto Cambira, cujo objetivo é agregar valor ao pescado, buscando o máximo de aproveitamento de todas as partes do peixe. Entre as atividades da cooperativa, estão apreparação e a comercialização do peixe, defumado e seco, de acordo com as exigências e padrões de qualidade atuais. Isso deve aumentar a oferta do peixe defumado no litoral do Paraná.

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Fácil de fazer

Para preservar as características originais do prato e realçar o sabor dos ingredientes, a cambira deve ser feita em uma panela de barro.

Ingredientes

- ½ quilo de filé de cação seco ou defumado- 1 cebola picada - 3 tomates picados - 6 bananas da terra "verdolengas"- cheiro-verde e coentro a gosto- 1 raminho de alecrim- molho de tomate a gosto- sal a gosto- óleo

Modo de fazer

Lave os filés de cação e em seguida coloque-os na água, deixando de molho por 24 horas, para retirar o excesso de sal. Durante esse período é importante trocar a água com frequência, para que o sal não fique concentrado no peixe. Depois de dessalgar, reserve os filés. Em uma panela de barro, frite a cebola com um pouco de óleo. Em seguida, acrescente o tomate e tampe a panela, para formar a base do molho. Deixe cozinhar por alguns minutos e adicione o cheiro-verde, o coentro e o alecrim. Coloque um pouco de água e, se achar necessário, adicione um pouco de molho de tomate para dar cor. Depois, acrescente os filés de cação e deixe cozinhar por mais 10 minutos. Por último, descasque as bananas da terra e coloque-as inteiras na panela, para cozinhar junto com o peixe e o molho por mais 5 minutos. As bananas não devem estar muito verdes e nem tão maduras, mas "verdolengas", na linguagem caiçara, para que fiquem consistentes na hora de servir. A sugestão é utilizar um pouco do próprio molho do peixe para fazer um pirão com farinha de mandioca. Acompanha arroz branco e salada. Rende quatro porções.

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