Quem deu suas pernadas pelo Passeio Público na última semana percebeu algo diferente. Em meio às mesas do restaurante do espaço, pranchas de papel eram vistas penduradas em um aramado improvisado. Nelas, diversas representações do primeiro parque da cidade. Algumas, futuristas, traziam a imagem de um prédio em espiral, todo envidraçado. Outras, mais modestas, mostravam um grande parque a céu aberto, repleto de crianças, e totens com fatos históricos acontecidos ali, no banhado que virou parque há 127 anos.
As mais novas ideias para a revitalização do Passeio Público vêm dos alunos do curso de especialização em Construções Sustentáveis da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), coordenado pelo professor doutor Eloy Casagrande Júnior, um teimoso. Pois foi ele que, em março, desengavetou um projeto concebido por alunos norte-americanos em 2006 que não foi para frente na época.
Agora, sua turma de arquitetos e engenheiros civis e ambientais teve como tarefa propor sugestões para uma revitalização arquitetônica-ambiental do parque que quer voltar a estar na moda. Os 25 alunos se dividiram em seis equipes. Cada uma apresentou um projeto, que ficou exposto no Passeio Público por oito dias, de 4 a 12 de maio.
"Colocamos em exposição para os frequentadores criticarem e comentarem", justifica o professor, também criador do original e premiado Escritório Verde, em 2011.
Os alunos entrevistaram frequentadores do Passeio, moradores do entorno e trabalhadores do local. Na carona das respostas, montaram projetos que envolvem cultura, arquitetura e meio ambiente. "Muito factíveis", garante. Algumas soluções propostas já são utilizadas no exterior, provando que o que há de comum entre os projetos é a ousadia. "Não são pequenas ações, remodelações ou ajustes. São projetos ousados e arquitetonicamente atrativos", afirma.
Contato
Assim como aconteceu em março, Casagrande já manteve contato com Sérgio Pires, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Segundo o professor, Pires teve uma impressão geral "excelente". Sua opinião foi reforçada pelo secretário de Meio Ambiente, Renato Eugênio de Lima, que "acha que algumas ideias podem ser abordadas."
A exposição do que pode vir a ser o "futuro Passeio" segue agora para o Ippuc e também para algumas universidades. Quanto mais pitacos, neste caso, melhor. "Queremos participar da ação e participar das discussões, já que temos todas essas ideias", justifica Casagrande, o "teimoso do Passeio".
No papelIntegrando os seis projetos, algumas propostas elaboradas pelos alunos do professor Eloy Casagrande Júnior se destacam:
Gaiolas interativas
Criação do sistema phantom mesh, utilizado em zoológicos da Nova Zelândia e Austrália. Com uma tela fina, quase transparente, substitui as de arame e facilita a visualização dos animais.
Restaurante
"Como está hoje, o restaurante não funciona", diz Casagrande. Os alunos propuseram a criação de quiosques e cafés pelo parque. Outra ideia é transformar o restaurante em uma praça de alimentação para diversificar as opções de refeição.
Feira orgânica
Aumentar a interação com a feira que ocorre aos sábados. Utilizar parte do Passeio Público como uma horta orgânica, possibilitando também a educação ambiental para crianças.
Água
Utilizar a água como "tema". Criar aquário ampliado e interativo.
Museu
Fotos antigas, exposições culturais e relatos de episódios acontecidos no Passeio fariam parte do museu, um link físico entre passado e presente.
Playground
Remodelar o parquinho das crianças, e modernizar o espaço através do incentivo ao arborismo.
Mirante
Em forma de espiral "ou de DNA" , um edifício envidraçado ofereceria uma visão panorâmica. No topo, um mirante. "Ninguém nunca viu o Passeio de cima", argumenta Casagrande.
Palco
Reformar e criar uma agenda de shows para o palco do parque: mais um espaço para bandas curitibanas.
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