Parque mais antigo de Curitiba, localizado na área central da cidade, o Passeio Público é conhecido por 95% dos moradores da capital paranaense mas 79% dos residentes no município não frequentam o local. Essa é a principal conclusão de um levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas com 526 pessoas, entre 27 de abril e 1.º de maio. Entre os que conhecem o parque, a falta de segurança é apontada como a segunda principal justificativa para não frequentá-lo, atrás apenas da "falta de tempo".
A sensação de insegurança que o Passeio Público passa à população foi constatada em duas perguntas da pesquisa. Entre os 79% que não frequentam o parque, o medo foi apontado como o motivo por 18%. Levando em consideração o universo dos 95% que disseram conhecer o local, 33% informaram que o frequentariam mais vezes se houvesse mais segurança.
Apesar do temor da população, o Passeio Público abriga há 16 anos uma sede da Polícia Militar (PM) e está a 250 metros da Guarda Municipal. Segundo dados da PM, no primeiro trimestre deste ano foram registrados 24 delitos na região do parque, número considerado baixo pela corporação. Na avaliação do tenente Fernando Cantador, há certa confusão da população devido à presença histórica de moradores de rua e prostitutas no local.
"Preconceito"
Quem frequenta o Passeio Público garante que nunca presenciou ocorrências policiais dentro do local e defende que o sentimento de insegurança passa pelo preconceito. "As pessoas têm preconceito com as senhoras [prostitutas], mas não as vejo incomodando. O Passeio Público é o Central Park curitibano, o lugar mais bonito da cidade", defende o juiz aposentado pernambucano Arnaldo Borges, 60 anos, que mora há um ano em um apartamento vizinho ao parque. O professor Alcione Luís Pereira Carvalho, 47 anos, também vê certa aversão de vizinhos com à presença de andarilhos e de garotas de programa.
Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o Passeio Público recebe, diariamente, cerca de mil pessoas, entre público de passagem e visitantes. Aos fins de semana, esse número aumenta por causa da presença de famílias atrás dos mais de 400 animais ali abrigados e da Feira dos Orgânicos realizada nas manhãs de sábados.
Apesar de alto, o número de visitantes ainda tem muito a crescer. Parques de tamanhos semelhantes, mas distantes da região central, como o São Lourenço, recebem entre 24 mil e 34 mil visitantes por semana. Já o Parque Barigui tem público semanal estimado em 165 mil pessoas.
EstímulosPrefeitura estuda fazer melhorias e promover atrações musicais
Apesar de a falta de segurança ter sido apontada pelos moradores de Curitiba como um dos principais motivos para não visitar o Passeio Público com mais frequência, a melhoria da infraestrutura (16%) e a oferta de mais atividades esportivas e culturais, ambas com 10% de citações, também foram apontadas como fatores que estimulariam mais visitas ao parque.
Segundo Alfredo Trindade, superintendente da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a prefeitura está investindo R$ 147 mil em instalações elétricas para melhorar a Feira dos Orgânicos e elabora um plano de revitalização para o Passeio Público. "Estamos estudando revitalizar o piso e instalar nova iluminação cênica noturna. Além disso, pretendemos trazer atrações musicais compatíveis com o parque, como chorinho e quartetos de cordas".