Ao responderem a pesquisa da Gazeta do Povo, os moradores da Grande Curitiba demonstraram que podem ser bem radicais quando a opção é não se envolver em determinadas atividades. Dentre os altos índices de rejeição, frequentar um curso de idioma é uma atividade que 91% dos entrevistados não fazem. Dado que preocupa quando o assunto é a busca pela qualificação profissional, já que 82% também nunca frequentam cursos, seminários e conferências. O antropólogo e professor do Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Positivo (UP), Paulo Guérios, não se surpreende com o fato. "Quais são as carreiras em que este domínio é efetivamente necessário para o desempenho profissional cotidiano? A resposta seria algumas das carreiras em empresas multinacionais, a carreira acadêmica, o trabalho em comércio exterior. Mas elas são parte muito pequena da constelação de ocupações existentes". Para ele, há trabalhos que exigem outras habilidades, como a comunicação e a disposição física, além de se levar em conta a situação econômica da população. "A falta de dinheiro implica em menos possibilidade de acesso a uma formação profissional nos moldes da gestão atual", analisa o professor.
Chama a atenção também o fato de 84% dos entrevistados nunca frequentarem museus e galerias de arte e outros 79% nunca irem a teatros e shows. Analisando esse resultado, o antropólogo Paulo Guérios diz que cultura não é apenas 'alta cultura'. "Há uma produção própria, apesar de pouco valorizada socialmente, nas periferias. Além disso, a 'alta cultura' não é consumida apenas pelo amor às artes, mas também como uma forma de diferenciação social", diz. Ana Itália Paraná Mariano, pós-graduada em Museologia pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), diz que o número também não a surpreende. "Historicamente a arte é elitizada e, de certa forma, continua assim. Mesmo a arte sendo uma legítima obra social, ela não é popular."
Voluntariado
Outro item em destaque é o grande número de entrevistados que nunca fazem trabalhos voluntários: 82%. Para Thiago Baise, analista de projetos do Centro de Ação Voluntária de Curitiba (CAV), órgão sem fins lucrativos responsável por orientar e distribuir os trabalhos voluntários na capital paranaense, a explicação deste número passa por uma análise diferente. "A maioria não sabe definir o que é voluntariado. As pessoas apenas consideram como trabalho voluntário aquele realizado por meio de uma instituição, no qual a presença física da pessoa é o que conta". Ele explica que, na realidade, quando a pessoa recorre ou cobra de um órgão público para resolver um problema, ela está fazendo trabalho voluntário."
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