Na Grande Curitiba, computadores, internet e televisores de plasma são sonhos de consumo, revelando que a tecnologia ganhou mais espaço na vida das pessoas. É o que comprova a pesquisa da Gazeta do Povo que, no quesito compra de bens de consumo, revelou dados interessantes, como o fato de que 21% dos que não têm tevê de plasma pretendem adquirir uma nos próximos 12 meses. Os dados mostram também que 60% dos entrevistados não têm computador, mas que um quarto deles quer comprá-lo. Outro bem ainda muito desejado é o micro-ondas: 31% pretendem adquiri-lo. A pesquisa também apontou que 41% dos entrevistados não têm telefone fixo e que 25% deles pretendem comprar uma linha.
Para o professor de Macroeconomia e Cenários da Universidade Positivo (UP), Wilhelm Meiners, a busca pelo consumo de produtos ligados à tecnologia é reflexo da era da informação. "Estamos vivendo um tempo em que a tevê, o DVD, o telefone, o computador e o videogame dominam as esferas produtivas, comerciais e de consumo", comenta. "Um tempo no qual os serviços de comunicação e informação inteligentes estão em primeiro lugar na pauta de consumo. Muito mais do que uma questão de lazer, trata-se de um novo paradigma tecnológico e de inserção social", explica Meiners.
"Tenho tevê de plasma, computador, notebook, palmtop, GPS e todos esses gadgets tecnológicos", revela o engenheiro Leandro Muller . "Se as pessoas estão se dispondo a gastar mais com lazer tecnológico do que com bens de redução de trabalho como máquina de lavar e aspirador elas estão sendo lógicas. Uma máquina de lavar louça poderia economizar meia hora de trabalho de uma pessoa em um dia, mas uma boa tevê proporciona muitas horas de lazer e prazer por dia, e para várias pessoas da família ao mesmo tempo", diz Muller.
Para a professora do Núcleo de Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Maria Virgínia Cremasco, a sociedade vivencia, com o avanço globalizado do consumo e com a "tecnologização"da economia, a priorização do imediato, ou seja, como tudo faz parte da vertiginosa corrida contra o tempo, o prazer também passou a ser visto como algo a ser alcançado imediatamente. "Saímos dos paradigmas antigos que moralizavam e valorizavam o trabalho árduo, visando a um futuro promissor e seguro que significava, a longo prazo, segurança financeira para a aposentadoria". Segundo ela, lemas como "primeiro a obrigação, depois a diversão", que moralizavam e glorificavam racional e obsessivamente a força de trabalho e os deveres acima de tudo, foram sofrendo uma fluidez, ou seja, "menos trabalho, mais dinheiro e consequentemente, mais diversão."
Shopping x rua
Com uma ampla rede de comércio, a Grande Curitiba oferece muitas possibilidades para o consumo, mas o que revela a pesquisa da é que a maioria das pessoas (58%), mesmo tendo de tudo perto de casa, ainda prefere o centro da capital para fazer suas compras. Esta preferência é sentida principalmente entre os entrevistados das classes C, D e E.
Os quesitos preço e marca são os indicados pela dona de casa Alda Nunes Rosa para fazer compras no centro de Curitiba. Moradora de São José dos Pinhais, ela conta que os produtos são mais caros onde mora. "Em Curitiba vejo os mesmos produtos pela metade do preço. Mesmo quando morávamos no Boqueirão (bairro de Curitiba), comprava roupas e sapatos mais em conta nas lojas do centro."
Opinião e comportamento de consumo compartilhados por Jadna Dutra Ferraz, proprietária de um pequeno salão de beleza em um bairro da capital. "Às vezes até compro por aqui. Mas roupas e calçados gosto de comprar em lojas de departamento que possuem cartão próprio, no centro de Curitiba. Raramente vou aos shoppings e como não possuo cartão de banco nem cheques, fica mais fácil comprar nessas lojas". Segundo a Associação Comercial do Paraná, 150 mil pessoas circulam diariamente pelo centro de Curitiba, de acordo com levantamento de meados de 2008.
A pesquisa da Gazeta do Povo revela o perfil dos compradores em shoppings. São jovens (17% dos entrevistados), como a publicitária Karina Kranz Sabbag. Aos 25 anos, é experiente nas compras em shoppings, que faz desde a adolescência. Ainda cultiva o hábito principalmente por causa do mix de lojas. "Não tenho tempo de passear pela Rua XV às três horas da tarde em um dia de semana, mas posso ir ao shopping às nove da noite."
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