A classe política levou o título mais amargo da pesquisa: o de instituição com o menor índice de confiança. Somente 1% dos moradores da Grande Curitiba confiam plenamente nos partidos políticos e 2% nos políticos e candidatos à eleição.

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Esse ceticismo é explicado pelo cientista político e professor da UFPR Ricardo Costa de Oliveira, autor de um livro sobre a estrutura de poder do Paraná, pelas sucessivas denúncias de corrupção na esfera política. "A população assiste a denúncias de irregularidades o tempo todo e em todos os níveis de poder. Isso desmoraliza a política e dissemina a imagem de que as pessoas entram nesse meio para se beneficiar."

Para reverter o imaginário negativo, avalia o professor, é preciso fortalecer os partidos e renovar a classe política. Otimista, ele acredita que isso deva acontecer em breve, inclusive pelo que aponta a pesquisa. "Vivemos um momento de afastamento, mas é preciso chegar a um ponto de desgaste para se criar novas alternativas. Então, tenho uma perspectiva otimista porque o descrédito dos políticos mostra que o eleitorado está reagindo."

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Em quem acreditar?

O morador de Curitiba e municípios vizinhos tem uma opinião contraditória em relação às leis. Ao mesmo tempo em que confia nas regras (66%), mostra grande descrédito para com as entidades que as criam e as executam: 31% de desconfiança total no Congresso Nacional, 30% no Governo, 18% no Poder Judiciário e nas Polícias (29% Militar, 26% Civil e 22% Federal).

O resultado surpreende o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Paraná (OAB-PR), Alberto de Paula Machado. "Esses números chamam a atenção porque mostram uma contradição: a lei não existe como algo abstrato, mas a população parece acreditar nisso". Para ele, o que pode explicar tal comportamento é a desconfiança que ronda o Poder Judiciário, desacreditado em função da morosidade com que funciona. "Se um processo leva 10 ou 15 anos para ser julgado, dificilmente a população vai responder a essa questão (índice de confiança) de forma positiva. Não há boa justiça se ela for tardia."

Machado também atenta para a crise de credibilidade do Congresso Nacional, principal entidade legislativa do país. "Os problemas do Congresso são de aspecto moral, pois a população não tolera mais os sucessivos escândalos envolvendo os parlamentares e seus servidores." l