Deus decide o nosso destino ou podemos mudá-lo? Até onde temos o poder sobre nossas vidas? A pesquisa revela que 47% dos moradores da Grande Curitiba acreditam que "Deus decide o destino e que nada pode mudá-lo" e para 10% "Deus decide o destino, mas as pessoas podem mudá-lo totalmente."
Dados que parecem contraditórios quando 84% afirmam que "acreditam que podem se dar bem na vida através do próprio esforço" e outros 82% que "a educação é a principal maneira de 'subir na vida'".
"Desde a Idade Média, a Igreja Católica sempre teve um discurso escatológico, pregando o fim do mundo", comenta a professora de História das Religiões da Universidade Tuiuti, Vera Irene Jurkevicz. "Esse discurso veio para o Brasil com os portugueses que eram mais que fervorosos. A Europa tinha recém-saído do feudalismo e o homem ainda se enxergava como coletivo. Assim, tudo o que acontecia de adversidade era visto como manifestação da vontade de Deus para punir a comunidade que tinha feito algo errado". A professora fala, ainda, que esse é um discurso comum até como forma de acomodação. Segundo ela, posicionamentos sobre determinados assuntos ou situações exigem mudanças de comportamento. "Se eu não atribuo os problemas e as tragédias a alguma causa divina, isso quer dizer que eu posso mudar a situação. Mas aí eu terei de agir. Será que eu quero realmente agir?"
A administradora e professora Eliete Marly Terres, 36 anos, é a mais nova de três filhas. O pai já foi motorista de táxi, trabalhou na indústria e hoje está aposentado por invalidez. A mãe é dona de casa. "Meus pais e eu somos católicos praticantes", conta Eliete. "Mas tem duas frases que minha mãe sempre fala: 'Deus disse faça que eu te ajudo' e 'Deus ajuda quem cedo madruga'. Deus não fará milagre, apesar de gostar muito de você e de querer vê-lo feliz e realizado. Católico ou não, independentemente de sua crença, você tem de fazer por merecer", afirma. "Estou fazendo a minha parte. Acredito que as pessoas que colocam a culpa em Deus por serem menos abastadas são na realidade acomodadas. As coisas não caem do céu por descuido."
Reza que sara
Para o professor Reginaldo José dos Santos Júnior, mestre em Ciências da Religião e vice-diretor da Faculdade Teológica Batista do Paraná, as pessoas vivem a partir das suas crenças. "Diferentemente dos animais, o ser humano precisa encontrar sentido para viver. Assim, acreditar que Deus controla o destino pode dar força para a pessoa continuar. Pode estar faltando comida, água, saúde e outras coisas, mas, se a pessoa acredita que é assim porque Deus permite, então ela sofre menos psicologicamente. Parece esquizofrênico, mas, às vezes, é a única coisa que resta e a pessoa se agarra a isso. É como diz um personagem de Grande Sertão: Veredas, 'é reza que sara a gente!'."
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