Uma língua e um esporte pouco conhecidos levaram o nome da cidade de Pato Branco, no Sudoeste do Paraná, a diferentes partes do mundo. O município de 72.370 habitantes, que se destaca por ter o sexto melhor índice de desenvolvimento do estado, ganhou uma visibilidade inusitada devido ao esperanto e ao tchoukball (pronuncia-se chukebol), ambos com ideais humanitários.
Para quem nunca ouviu esses termos, uma breve explicação. O esperanto, criado pelo médico polonês Lázaro Zamenhof em 1887, reúne várias línguas e se propõe a ser um idioma universal de união entre os povos. Já o tchoukball, criado na década de 1970 pelo suíço Hermann Brandt, é um esporte coletivo que promove a inclusão e mistura práticas de vôlei, handebol e pelota basca.
Em Pato Branco, alguns alunos da rede pública têm a oportunidade de aprender as duas atividades na escola e são incentivados pelo empresário Cláudio Petrycoski, que soube do esperanto na juventude e, mais tarde, começou a ler sobre o assunto. Apesar de não falar o idioma, Petrycoski fomentou o ensino da língua a partir da década de 1990, trazendo professores e patrocinando cursos. O crescimento foi tamanho que em 2002 Pato Branco abrigou um encontro internacional da juventude esperantista, com participantes de 23 países.
Os entusiastas do idioma também bolaram um desafio. "Conversando sobre como divulgar a língua veio a ideia de ter uma comunidade, a primeira do mundo, cuja segunda língua fosse o esperanto", diz o empresário. O objetivo era atingir a marca e ingressar no Guinness, o livro dos recordes. Para isso, foi escolhido o distrito de São Roque do Chopim, que, em 2007, após um plebiscito, passou a se chamar Nova Espero, que significa "nova esperança". Lá estão um portal e um monumento de mais de 12 metros em homenagem ao esperanto.
O tchoukball, por sua vez, foi trazido ao município pelo educador físico Nelson Schavalla. O esporte passou a ser ensinado nas escolas e foram criadas as federações paranaense, catarinense e gaúcha, além da confederação nacional. A cidade começou a se destacar e boa parte dos atletas da seleção brasileira era de Pato Branco. Eles participaram de campeonatos na Inglaterra, em 2004, e na Suíça, em 2005, com o incentivo de Petrycoski.
Hoje o esporte é ensinado a 316 alunos de três instituições pelo Instituto Prosdócimo Guerra e Teófilo Petrycoski. "Eu adoro. Os professores são legais", diz Gabriel de Lima Ramos, de 9 anos, que também estuda esperanto. Antes disso, os pais dele nunca tinham ouvido falar das duas atividades. "Quando vem um estudo novo todo mundo tem que apoiar o filho", diz a mãe de Gabriel, a dona de casa Leonilda Ramos.
Com o tempo, no entanto, os projetos foram enfrentando resistências. No esperanto, diretoras que assumiram as escolas públicas foram contrárias ao idioma e moradores do distrito começaram a questionar o porquê do ensino do esperanto e não do inglês. No esporte, houve mudanças de comando, o término de campeonatos importantes e atletas não foram mais convidados para algumas competições. Após uma pausa, as atividades estão sendo agora retomadas. "Dá para estimular novamente", garante Petrycoski. Ficou faltando o recorde no Guinness.
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