Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
conquista dO CONTINENTE

A nova “Terra Prometida” na América do Sul

Levas de migrantes chegam cheias de sonhos praticamente todos os dias à Embaixada do Haiti, em Santiago, no Chile. O país andino se tornou um dos principais destinos almejados por haitianos, inclusive pelos que estão no Brasil e querem ir embora daqui.

Em cinco anos, o número de vistos concedidos pelo Departamento de Extrajería y Migración de Chile a cidadãos do Haiti aumentou dez vezes: de 309 para 3.649 (veja os dados no gráfico). Os rumores de que há oferta de trabalho por lá fazem o país sul-americano começar a se consolidar como a “nova terra prometida” dos haitianos.

“Conheço muita gente que foi [ao Chile]. Muito mais de dez pessoas, com certeza. Estão indo em grupo. Vão porque muita gente que está lá diz que tem trabalho e porque o haitiano sente muita nostalgia da família. Ir para o Chile pode ficar mais fácil para ir visitar o Haiti”, diz a presidente da Associação para Solidariedade dos Haitianos no Brasil, Laurette Denardin, que mora em Curitiba há cinco anos.

Segundo a Embaixada do Haiti, 6.266 haitianos estão, hoje, legalmente no Chile. Entretanto a Comunidad Haitiana en Chile estima que existam outros 6 mil, vivendo clandestinamente. Os dados referentes a haitianos que entraram no país andino depois de passar pelo Brasil não são publicados pela Policía de Investigación (PDI). O fluxo, porém, é percebido por quem está por lá.

“De dois meses para cá, tem vindo muitos [haitianos] que estavam no Brasil (...) Eu não sei se o Chile é a uma ‘nova terra de sonhos, mas tem sido um bom destino para os haitianos, porque temos nos desenvolvido muito bem aqui”, avalia, em espanhol, o haitiano Widlove Dorce, de 26 anos, que mora em Santiago, Chile. Ele conversou com a Gazeta do Povo pelo Facebook.

A debandada de haitianos que estavam no Brasil em direção ao Chile havia sido verificada extraoficialmente pela Pastoral do Migrante – Regional Sul e pela Polícia Federal (PF), a partir dos atendimentos que prestam. A corrente de migração se intensificou depois do início deste ano, com a dificuldade de os haitianos conseguirem vagas no mercado de trabalho brasileiro.

“O migrante se informa. É como uma rede. Se um migrante foi ao Chile, ele já informa os que estão aqui. Agora, eles [os haitianos] estão olhando principalmente para o Chile e também para a Guiana Francesa”, diz o padre Agler Cherezier, coordenador da Pastoral.

Entidades lançam fórum para defender migrantes

Além do desemprego, haitianos enfrentam uma série de dificuldades no ambiente de trabalho, que inclui violação a direitos. Por isso, Ministério Público do Trabalho e outras entidades vão debater problemas e propor ações concretas.

+ VÍDEOS

Dificuldades

Uma vez no Chile, no entanto, a vida dos migrantes está longe de ser um mar de rosas. A exemplo do que acontece no Brasil, os haitianos têm sido admitidos principalmente em trabalhos pesados. Segundo a Embaixada, o setor que mais emprega é o da construção civil, seguido pela indústria. A língua e o desconhecimento das leis e do funcionamento das instituições chilenas também têm sido entraves.

“Outro problema crucial é a questão de habitação. Muitos têm sido vítimas de golpes, de pessoas que abusam do seu desconhecimento das leis imobiliárias. Por isso, muitas vezes, os migrantes vivem em condições insalubres e lugares superlotados”, informa a Embaixada do Haiti em Santiago, por meio de nota.

O padre haitiano Agler Cherezier, coordenador da Pastoral do Migrante. | Brunno Covello/Gazeta do Povo

1 de 10

O padre haitiano Agler Cherezier, coordenador da Pastoral do Migrante.

Para o padre Agler, o Haiti vai se reerguer com a experiência dos “retornados” - os haitianos que voltarem ao país, após terem migrado para outras nações. | Brunno Covello/Gazeta do Povo

2 de 10

Para o padre Agler, o Haiti vai se reerguer com a experiência dos “retornados” - os haitianos que voltarem ao país, após terem migrado para outras nações.

Na Pastoral, os migrantes são cadastrados, são acolhidos e encaminhados, de acordo com suas necessidades. | Brunno Covello/Gazeta do Povo

3 de 10

Na Pastoral, os migrantes são cadastrados, são acolhidos e encaminhados, de acordo com suas necessidades.

Com documentos em mãos, haitiano atualiza cadastro na Pastoral do Migrante. | Brunno Covello/Gazeta do Povo

4 de 10

Com documentos em mãos, haitiano atualiza cadastro na Pastoral do Migrante.

Nos últimos 12 meses, a Pastoral conseguiu encaminhar 900 haitianos ao mercado de trabalho. | Brunno Covello/Gazeta do Povo

5 de 10

Nos últimos 12 meses, a Pastoral conseguiu encaminhar 900 haitianos ao mercado de trabalho.

David Romeus está desempregado há três meses e meio e só não foi embora do Brasil porque não tem dinheiro para custear a viagem. Um sonho: entrar nos Estados Unidos. | Brunno Covello/Gazeta do Povo

6 de 10

David Romeus está desempregado há três meses e meio e só não foi embora do Brasil porque não tem dinheiro para custear a viagem. Um sonho: entrar nos Estados Unidos.

A penúria é tão grande que David Romeus não tem tênis ou sapato. Mesmo no frio de julho, usa chinelos. | Brunno Covello/Gazeta do Povo

7 de 10

A penúria é tão grande que David Romeus não tem tênis ou sapato. Mesmo no frio de julho, usa chinelos.

Haitianos procuram a Pastoral do Migrante, principalmente à procura de uma vaga de trabalho. | Brunno Covello/Gazeta do Povo

8 de 10

Haitianos procuram a Pastoral do Migrante, principalmente à procura de uma vaga de trabalho.

Apesar da procura, nos últimos dois meses quase nenhuma empresa tem ofertado vagas. | Brunno Covello/Gazeta do Povo

9 de 10

Apesar da procura, nos últimos dois meses quase nenhuma empresa tem ofertado vagas.

Entre os migrantes, as sensações variam do desalento à esperança. | Brunno Covello/Gazeta do Povo

10 de 10

Entre os migrantes, as sensações variam do desalento à esperança.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.