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“Não há vagas”

Crise impulsiona saída de haitianos do Brasil

Todos os dias dezenas de haitianos ainda aparecem na Pastoral do Migrante - Regional Sul. Mas fluxo está diminuindo porque não há vagas de emprego. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Todos os dias dezenas de haitianos ainda aparecem na Pastoral do Migrante - Regional Sul. Mas fluxo está diminuindo porque não há vagas de emprego. (Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo)

Mais vulneráveis aos crescentes índices de desemprego – a taxa de desocupação atingiu 6,9% em junho, segundo o IBGE – os haitianos têm sofrido para conseguir entrar ou se manter no mercado de trabalho brasileiro. Esta crise tem impulsionado os migrantes a querer se mudar para outros estados ou até para outros países.

“Tem muitos haitianos sem emprego. Para trabalhar, tem que ir embora”, disse o haitiano David Romeos, que está desempregado há três meses e meio. A penúria é tão extrema que ele sequer tem tênis ou sapato: enfrenta o inverno curitibano usando chinelos. O rapaz é um dos que pretendem juntar dinheiro para tentar a sorte em outro país. “Aqui ninguém consegue [emprego]. Está difícil”, resume.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, em 2014, foram contratados formalmente 17.577 haitianos, contudo outros 6.790 foram demitidos no mesmo período. Não há dados sobre o índice de desemprego entre os migrantes. Mas um bom indicativo é a percepção da Pastoral do Migrante, que, além de acolher quem vem de fora, procura encaminhar os forasteiros ao mercado de trabalho. A entidade aponta que nos últimos meses, a retração se intensificou: praticamente não há vagas.

“De 60 dias para cá, a gente liga para as empresas que contratavam e a resposta é: ‘segura, porque agora não podemos contratar ninguém’”, contou a assistente social Edésia de Souza Sato. “Eles [os haitianos] estão desesperados, pedindo ajuda pra ir embora”, completou.

Além disso, para o Ministério Público do Trabalho, os migrantes estão mais vulneráveis a violação de direitos do que os brasileiros. “Eles não são objeto das políticas assistenciais que privilegiam os brasileiros. Então, o haitiano precisa enfrentar o primeiro emprego que for oferecido a ele. (...) Se não dermos o mínimo suporte, vamos possibilitar que pessoas se aproveitem da vulnerabilidade desses trabalhadores”, disse a procuradora do Trabalho, Cristiane Sbalqueiro Lopes.

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