Projetos nos moldes da UPS já nascem com a tendência a não dar certo, não a longo prazo pelo menos. Essa é a visão do coordenador do Centro de Estudos da Violência e Direitos Humanos da UFPR, Pedro Bodê. Ele afirma que se tornou praxe a criação de programas ‘domésticos’ e paliativos que preveem a redução da criminalidade com a ocupação policial e a promessa de uma posterior ocupação social.
“De tempos em tempos surge um projeto na área de segurança pública que promete ser o ‘salvador’. O padrão é exatamente da ocupação das forças policiais seguida por discursos de ação social, que não se concretizam”, afirma.
Além disso, ele ressalta que, invariavelmente, essas ações caem na rotina. “Depois que passa o impacto da chegada dos policiais, a situação volta a ficar como era antes. Os criminosos ficam esperando para ver o que vai acontecer até voltar à rotina, acostumados com a presença de policiais”, explica Bodê.
É o que relata uma moradora da primeira UPS de Curitiba, no Uberaba. “No começo, a segurança aumentou bastante. Mas com o passar dos tempos o que aconteceu foi que a polícia se acostumou com alguns membros da comunidade. Dessa forma, alguns grupinhos ficam nas esquinas fazendo coisas que não devem e a violência volta a crescer. A população se acostumou com a PM e se ‘adaptou’ com ela, principalmente quem quer fazer algo errado”, diz a dona de casa.
“O que precisa é estruturar todo o Judiciário e as leis para ter ações que surtam efeito. Com a atual estrutura, cultura social e política os programas duram pouco tempo. Um ou dois anos de atuação é muito pouco tempo em sem tratando de segurança pública. A ação desse jeito é fogo de palha”, ressalta o professor da UFPR.