Não é preciso transformar a floresta em terra nua para a formação de reservatórios, na opinião de um dos responsáveis pela qualidade da vida no lago da usina de Itaipu, na Região Oeste do Paraná. Para o doutor em Zoologia Domingo Rodrigues Fernandes, o que pode comprometer a existência de animais em reservatório é a presença de massa verde, como folhas, que ao se decompor rapidamente prejudicariam a qualidade da água. Os cernes de árvore degradam-se mais vagarosamente, num ritmo bem mais lento do que a recuperação natural do lago. "Poderiam ser feitos desmates pontuais e não totais. Até porque o que é terra nua hoje será em breve coberto por gramíneas e essas sim comprometem a água", pondera.

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Fernandes conta que, quando foi formado o reservatório de Itaipu, apenas 7,5% da área no lado brasileiro da usina eram de floresta e que os proprietários foram autorizados a cortar as árvores. "O reservatório não pode ser uma zona morta. É desejável que seja repleto de vida. Por isso, as condições, como a existência de oxigênio e baixa presença de metano são essenciais", avalia. Ele defende que os troncos sejam deixados no leito do lago, como espécies de recifes artificiais para os peixes e uma forma de evitar a pesca de arrasto. "Só deveriam ser tirados troncos em áreas navegáveis e praias", diz.

O Instituto Ambiental do Paraná prefere que todas as árvores sejam retiradas, alegando que um eventual naufrágio no lago seria muito mais grave se as grandes toras fossem mantidas. Não há lei ambiental que exija a retirada das árvores. Contudo, a supressão da floresta segue uma normativa do setor elétrico, além de ser uma fonte de renda a partir da venda dos troncos.

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