O fim da tarifa única no sistema de transporte coletivo de Curitiba e o pagamento das empresas permissionárias por acesso de passageiros e não mais por quilômetro rodado. É o que defende Maurício Cadaval, presidente do Instituto de Desenvolvimento e Informação em Transporte e um dos fundadores da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Ele esteve participando do Fórum Transporte Curitiba, evento promovido pelo Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana.
No discurso de abertura do fórum, o prefeito Beto Richa admitiu os problemas enfrentados pelo sistema de transporte coletivo da cidade. "Nos últimos anos perdemos muito do que já tivemos sob todos os aspectos: a qualidade do sistema, a qualidade dos nossos terminais e uma série de evoluções que precisam acontecer", disse.
Uma das soluções propostas por Cadaval para evitar a chamada "espiral da morte" queda no número de passageiros, que provoca aumento da tarifa para cobrir custos, que provoca mais queda no número de passageiros , seria a adoção da tarifa diversificada. Para ele, o horário, a distância a ser percorrida e o nível de conforto do passageiro são variáveis que podem ser utilizadas para estabelecer o preço da passagem e estimular o aumento de usuários. "Se for fixado um preço menor fora do horário de pico, a dona de casa vai preferir sair no horário mais barato. Ou um ônibus que só permita passageiros sentados, teria uma passagem mais cara."
Desde 1988, as empresas que prestam o serviço em Curitiba e região recebem da prefeitura de acordo com a quilometragem rodada pelo ônibus. Para Cadaval, esse tipo de sistema não estimula as operadoras a conquistar novos clientes. "As empresas acabam disputando entre elas para ver quem vai rodar mais. Claro que a Urbs fiscaliza e obriga as empresas a manter um padrão, mas, mesmo assim, elas acabam desobrigadas de olhar para o cliente."
O presidente da Urbs (empresa que administra o sistema), Paulo Schmidt, defende um sistema híbrido, que combine a remuneração por quilômetro rodado com o vínculo de número de passageiros e empresas. Ele afirma que a questão deve ser analisada de forma ampla.
"A partir do momento em que o sistema expandiu para a região metropolitana, nós fomos buscar o passageiro mais longe. Quem sabe o passageiro não compense, financeiramente, a distância percorrida", sugere. Ele lembra que o maior número de usuários em Curitiba subsidia o da região metropolitana. "Isso tem uma relação com as cidades também, porque faz com que não haja uma explosão no setor imobiliário e diminua o número de veículos na capital. Quais seriam os custos adicionais que a cidade teria se decidisse mudar a política tarifária? São possibilidades que devem ser avaliadas", conclui.
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