Ecstasy também não escapa do "batismo"
O ecstasy também não escapa do "batismo". Para simular os efeitos do metilenodioximetanfentamina (MDMA) usado em casas noturnas e festas rave (de música eletrônica), traficantes brasileiros fazem perigosas misturas de medicamentos. "Há combinações que levam anfetamina que chegam a ser mais perigosas do que o próprio ecstasy", alerta o toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas.
Por causa dessas misturas, o usuário pode desenvolver ainda mais problemas de saúde. Como úlcera hemorrágica e gastrite, taquicardia e enfarte.
Segundo as peritas do Núcleo de Análise Instrumental (NAI) do Instituto de Criminalística (IC) Maria de Fátima Pedrozo e Alessandra Pereira da Silva, há cinco anos basicamente eram usadas apenas cafeína e efedrina para falsificar o ecstasy. "Atualmente, a falsificação se dá com uso de um remédio para enjôo, combinado a antidepressivo. O primeiro serve para potencializar o efeito do segundo, que por sua vez tenta proporcionar efeito semelhante ao ecstasy."
Especialistas advertem: maconha nacional pode conter crack. Como a planta cultivada no Brasil é de má qualidade e tem concentração inferior a 1% de tetraidrocanabinol (THC) - princípio ativo da droga -, traficantes começaram a adicionar pedrinhas do outro entorpecente, mais perigoso à saúde, para potencializar o efeito do cigarro de maconha e cativar clientes.
O alerta partiu do diretor do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital das Clínicas, toxicologista Anthony Wong. "Por ter maconha de baixa qualidade, o traficante adiciona crack para que o usuário tenha o chamado 'barato'. Muitos jovens não conhecem o efeito da maconha e não se dão conta que estão consumindo outro entorpecente, ainda mais nocivo e que vicia rapidamente."
O nível de THC é encontrado em maior quantidade nas plantas fêmeas, sobretudo nas partes mais altas dos galhos. Mas, para aumentar a produção, plantadores brasileiros arrancam toda a planta e misturam machos e fêmeas. Depois, em geral, adicionam sabugo de milho e casca da semente de café triturados, além de esterco e capim.
Dessa forma, a maconha nacional não chega a ter 1% do princípio ativo, enquanto o padrão mínimo da droga estrangeira fica entre 1% e 3%.
O delegado do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), Luiz Carlos Freitas Magno, tem conhecimento da prática de adicionar crack à maconha. "É o chamado 'bazuco' ou 'mesclado'", explicou o delegado, que dá palestras sobre prevenção ao uso de drogas.
Há cerca de um ano e meio, os traficantes do Rio de Janeiro começaram a vender o kit "maconha mais crack", batizado por lá de "craconha". Só que, em território carioca, a mistura é encarada como nova droga. E o motivo da comercialização é outro: o usuário acredita que a maconha, considerada relaxante, pode potencializar o efeito do crack, um estimulante. O que não passa de mito.
Perigo
A adulteração não só da maconha como de outras drogas é prática freqüente de traficantes brasileiros para aumentar o lucro nas vendas. Muito se fala sobre os danos causados pelo princípio ativo das drogas e a dependência que elas causam. Mas pouco sobre as substâncias usadas para "batizá-las" ou das que são usadas durante sua fabricação.
Segundo o Instituto de Criminalística, dois tipos de substâncias são geralmente adicionadas aos entorpecentes. Uma é o adulterante, que imita os efeitos da droga. Por exemplo, a xilocaína (nome comercial da lidocaína), um anestésico local que passa a falsa impressão de dormência à pessoa que tem contato com a cocaína. Outro é o diluente, adicionado para aumentar o volume da droga. Por exemplo, pó de vidro, mármore ou massa corrida adicionados à cocaína.
Segundo a polícia, na cocaína vendida ao usuário há apenas 25% do entorpecente. Os outros 75% são formados por outras substâncias. "E, muitas vezes, a quantidade real de droga fica abaixo desse percentual", diz o delegado.
A cocaína é uma das drogas mais "batizadas". Entre as misturas encontradas na droga, estão as substâncias inorgânicas, como o pó de mármore, vidro e gesso, que não são eliminadas pelo corpo humano. "Se uma partícula de pó de mármore ficar alojada no pulmão, o organismo vai se defender e envolvê-la. Ele perderá a elasticidade, o que chamamos de fibrose", explica o diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Elisaldo Carlini.
O diretor do Cebrid alerta para outro problema ligado ao consumo da cocaína associado ao uso de bebidas alcoólicas, principalmente destiladas (uísque, conhaque): forma-se o cocaetileno, que chega a ser 17 vezes mais tóxico e perigoso.
Outro alerta feito pelo toxicologista Wong é que, quando a pessoa tem uma crise por causa do consumo de drogas e vai parar no pronto-socorro, a mistura pode fazer com que o médico não tenha como identificar rapidamente qual substância causou o problema.
Jovens
Para os especialistas, a existência das drogas "batizadas" é mais um motivo para que os pais antecipem a conversa com os filhos, sobretudo adolescentes, a respeito dos danos causados pelo uso de entorpecentes, em vez de esperarem por atitudes suspeitas ou pela confirmação de que o filho realmente é um usuário de drogas para falar-lhes sobre os seus riscos. É preciso ter em mente também que muitas vezes um adolescente passa a consumir entorpecentes para se sentir aceito pelos colegas usuários.
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Síria: o que esperar depois da queda da ditadura de Assad
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora