A cartilha criada pelos ministérios da Saúde (MS) e da Educação (MEC) provoca certa apreensão entre os especialistas paranaenses quanto aos seus possíveis efeitos. Segundo eles, a medida, isolada, não atinge o objetivo traçado. Além da distribuição de material explicativo, afirmam, a complexidade do assunto exige uma preparação de outras instituições, como a família e a Igreja.
"A educação sexual hoje vem com o conceito de que é melhor prevenir que remediar já que os adolescentes estão tendo sexo, que seja pelo menos com preservativo. Assim, a medida deixa a desejar, porque a iniciação sexual tem um significado para o jovem. Além das conseqüências, isso tem a ver com o amadurecimento psicoafetivo dele", aponta a especialista em Sexualidade Humana e professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná, Maria Virgínia Grassi.
Para a professora, os pais têm papel fundamental para evitar gravidez precoce e doenças sexualmente transmitidas. A solução: ampliar a conversa sobre o tema em casa. "O jovem vai interpretar o tema com base na carga que ele possui e na sua história de vida. As origens são as primeiras que imprimem a vida do jovem", afirma.
A opinião é dividida pela pediatra e hebiatra Luci Pfeiffer. Segundo ela, o caminho buscado pelo MS para suprir a falta de capacidade dos pais em acompanhar a evolução sexual dos filhos é importante. Entretanto, de nada adianta se o educador não estiver preparado para explicar a cartilha. "É função da escola trabalhar o tema, assim como se trabalha a digestão na aula sobre o aparelho digestivo. Mas os professores também são de uma geração que não teve essa liberdade sobre o assunto. Se não tiverem orientação, não podem ajudar. Além disso, é preciso um trabalho com os pais e mostrar a importância da divulgação do tema na escola, pelo índice de gravidez e doenças", aponta Luci. A abrangência da idade de destinação do material de 13 a 19 anos também recebe críticas. "A perspectiva sexual de um adolescente de 13 anos é diferente de um de 19 anos. A abordagem não pode ser light demais para quem tem 19, nem agressiva demais para quem tem 13", afirma Luci. (TB)
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