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Urbanismo

Especialistas fazem ressalvas ao estudo

Luciano Ducci com Pedro Miranda, um dos diretores da Siemens: promessas de mais avanços | Divulgação/Siemens
Luciano Ducci com Pedro Miranda, um dos diretores da Siemens: promessas de mais avanços (Foto: Divulgação/Siemens)

Para profissionais de planejamento urbano, o bom desempenho de Curitiba no Índice de Cidades Verdes da América Latina é louvável, mas não pode ser encarado como uma luta vencida contra os impactos ambientais. Eles também fazem ressalvas à metodologia dos estudos. A maior parte dos dados vem de órgãos da própria prefeitura.

"Não quero aqui pôr em dúvida a validade do relatório, mas em qualquer avaliação idônea de um programa, indústria, produto ou edificação na área ambiental, para ter credibilidade absoluta, passa por uma análise de terceiros. Isto é, eu não posso eternamente ficar dizendo que sou sustentável, mais verde, mais ecológico, se uma instituição reconhecida e credenciada não vier a avaliar, testar e conferir o que eu digo", diz Eloy Fassi Casagrande Júnior, doutor em Engenharia de Recur­­sos Mine­rais e Meio Ambiente pela Universidade de Notting­ham (Reino Unido) e representante da Universidade Tecno­lógica Federal do Paraná na Câmara Temática de Meio Ambiente do Comitê Executivo para Assuntos da Copa.

Fassi lembra também que embora Curitiba tenha a política reciclável de maior abrangência do país, ainda não possui solução básica para o lixo doméstico comum, diante do impasse judicial em torno do novo aterro sanitário. Segundo Casagrande, o programa "Lixo que não é Lixo" é um dos mais dispendiosos do Brasil, ao coletar o lixo porta em porta. "Apesar de também ser um dos pioneiros, não vemos o índice de separação de resíduos sólidos crescer e nenhuma proposta para o lixo orgânico, que compõe a maior parte daquilo que é deixado na porta das residências. Compostagem e vermicompostagem são praticados em várias cidades da Europa, EUA e Austrália, pois se trata de tecnologias dominadas e que geram subprodutos de renda, como o adubo e o húmus".

O diretor do doutorado em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Fábio Duarte, lembra que o maior desafio de Curitiba é articular soluções com os municípios da região metropolitana, que são, na verdade, em grande parte os grandes responsáveis por alguns dos problemas da capital, como o fluxo crescente de transporte individual (carros e motos). Durante o evento na Cidade do México, o prefeito Luciano Ducci disse que espera que o governo de Beto Richa ajude nessa articulação.

Duarte também critica o modo como o item do uso do solo e construções foi medido. Segundo ele, o princípio do planejamento da cidade é justamente a ligação do sistema viário, com transportes e uso do solo, verticalização e adensamento junto aos eixos de transportes. "Assim, parte da boa qualidade do sistema de transporte de massa é justamente por esta ligação. O ‘erro’ do índice é que ele dá valor a medidas individuais a cada edificação (medidas para que cada um adote atitudes de redução de impactos ambientais e eficiência energética), ao invés de olhar o conjunto de edificações. Curitiba seria, portanto, me­­lhor do que o índice", diz.

No gerenciamentode resíduos faz uma observação: os pesquisadores sabem que os carrinheiros são a principal mão de obra coletora dos recicláveis e em que condições eles sobrevivem? Aresposta é não. Nem isso e nem os impasses em torno do novo aterrosanitário e da usina de reciclagem de Curitiba constam no estudo.

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