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Especialistas em segurança pública são unânimes ao afirmar que o aumento salarial para os policiais é positivo, mas que, sozinho, não seria capaz de qualificar os serviços prestados. Além de melhores salários, eles avaliam que é necessário preparar os policiais de forma diferenciada, oferecendo uma educação continuada.

Para o pesquisador do Con­selho Nacional de Desenvol­vimento Científico e Tecnológico (CNPq) e professor titular de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) José Vicente Tavares dos Santos, a proposta de aumento deve ser bem analisada, para que o reajuste não interfira em outros setores. "Esse dinheiro não deve ser desviado de outras necessidades do país, como a educação. Não deve se tornar uma medida populista", afirma.

Santos acha que o reajuste precisa estar atrelado à exigência permanente de educação. "Acredito na necessidade de o profissional adquirir cada vez mais conhecimento, para a própria profissão, um treinamento especializado", completa.

É o que defende o professor ti­­tu­lar de Sociologia da Univer­sidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da instituição, César Barreira. Para ele, o reajuste dos policiais não irá, necessariamente, melhorar a qualidade dos serviços. "Acredito que outros fatores também devam existir, como contrução de uma nova mentalidade e uma melhoria na formação desses profissionais, com mais informações sobre resolução de conflitos sociais e conhecimentos sobre práticas coletivas", diz.

Para o coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Univer­sidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Bodê, o aumento deve fazer parte de um novo plano de carreiras da categoria, mas é uma medida emergencial. "A maioria dos profissionais no país ganha uma quantia vergonhosa. Mas não se deve parar apenas no piso. O profissional deve ter a tranquilidade de saber que sua família está amparada", afirma.

Segundo Bodê, são necessárias, além de um processo permanente de formação, condições gerais de melhoria da autoestima da categoria – os funcionários precisam se sentir respeitados. "Esse respeito começa no interior das próprias instituições, onde ele deverá receber assistência médico-psicológica, para que possa recuperar-se do estresse diário da profissão", comenta.

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