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| Foto: MARCO GARRO/AFP

Enquanto o zika vírus continua sua rápida propagação pelo continente americano, os especialistas correm contra o tempo para tentar entender como prevenir, tratar e diagnosticar esta nova ameaça transmitida por mosquitos.

Não há vacina contra o zika, ao que as autoridades norte-americanas de saúde descreveram como um “novo” vírus que se expandiu rapidamente nos últimos anos e que está vinculado a danos cerebrais em recém-nascidos.

Mesmo diante da urgência do mundo por uma vacina, ela não estará disponível tão cedo, segundo Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) nos Estados Unidos.“Este é um vírus novo, portanto até hoje não havíamos feito nada a respeito do zika”, informou Fauci. Ainda não há vacina no mercado contra o vírus da dengue, que vem da mesma família de flavivírus.

O governo dos Estados Unidos impulsionou qualquer tipo de pesquisa sobre o zika e criará um fundo de 97 milhões de dólares para financiar diversos estudos – desde como o contágio é realizado até sobre qual forma controlar o mosquito que o transmite, o Aedes aegypti.

“Os pesquisadores do NIAID estão trabalhando em possíveis vacinas para prevenir a infecção com o vírus do zika”, afirmou. “Nossa vantagem é que já temos plataformas de vacinas para usar como um tipo de trampolim”, disse, mencionando duas linhas de pesquisa baseadas em estudos anteriores sobre vacinas para os vírus da dengue e do Nilo Ocidental.

“Embora estas aproximações sejam promissoras, é importante compreender que não teremos disponível uma vacina segura e efetiva para o zika este ano e provavelmente pelos próximos anos”, afirmou.

Zika

O zika foi identificado pela primeira vez em 1947 e provocou seu primeiro caso em humanos em 1952 em Uganda. Mas a maioria dos casos foram leves, com febre e picadas, assim como vermelhidão dos olhos em alguns casos mais raros.

As autoridades de saúde só perceberam sua existência até a ocorrência de um surto na ilha de Yap, na Micronésia, no Pacífico em 2007.

O surto que começou no ano passado é tido como culpado pelo aumento de crianças com malformações no Brasil, onde milhares de bebês nascem com microcefalia, doença incurável e, por vezes, fatal.

“A propagação do vírus zika na América e seus efeitos nas gravidezes são eventos novos, sobre os quais estamos trabalhando para entendermos melhor”, disse Anne Schuchat, sub-diretora geral do Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

As autoridades de saúde detectaram também um aumento da síndrome de Guillain-Barré, um raro distúrbio neurológico em que o sistema imunológico das células nervosas é danificado, provocando fraqueza muscular e em alguns casos paralisia.

“O vírus está se espalhando na América e prevemos que mais países serão afetados”, alertou Schuchat.

Transmissão sexual?

Os pesquisadores também observaram dois casos nos últimos anos que sugerem que o vírus pode ser transmitido através do contato sexual: em um caso o zika foi detectado no sêmen de um homem depois que ele desapareceu de sua sistema sanguíneo e outro homem infectado no Senegal que pode ter infectado a esposa no Colorado (EUA).

No entanto, Schuchat disse que “a ciência é muito clara até o momento: o zika vírus é principalmente transmitido aos seres humanos através de um mosquito infectado. Por isso, é onde estamos dando ênfase agora”.

Outros pesquisadores estão pedindo foco na prevenção de picadas de mosquitos, principalmente em áreas empobrecidas.

“Precisamos olhar para sucessos históricos para embarcar em programas similares em países infectados com o zika”, disse Peter Hotez, reitor da Escola Nacional de Medicina Tropical do Baylor College of Medicine.

Hotez pediu novos estudos sobre tecnologia - como inseticidas, mosquitos geneticamente modificados, uso de mosquiteiros e desparasitação com ivermectina - como medidas potenciais para prevenir o vírus e matar o mosquito transmissor.

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