O tempo de espera para dar entrada no pedido de emissão da Carteira de Identidade pode chegar a 5 horas na unidade do Instituto de Identificação de Curitiba, a principal do estado. No início da manhã, as filas se tornaram rotineiras, mas mesmo assim nem todas as pessoas conseguem atendimento.
A digitalização do sistema que acelera o processo de emissão dos documentos é apontada como o principal motivo para a lentidão. Com ela o processo passou a incluir novas etapas, mas não foram feitas contratações para suprir o aumento do trabalho. Como conseqüência, sobram reclamações sobre a qualidade do serviço prestado.
Na manhã de sexta-feira, a primeira da fila era a cobradora de ônibus Gisele Rocio Cardoso. Acompanhada dos dois filhos, ela chegou ao local às 6 horas, duas horas e meia antes de iniciar o expediente do posto. A cobradora estava na fila pela segunda vez na semana. "Na primeira, fiquei cinco horas esperando e não consegui ser atendida. Agora, cheguei de manhãzinha, mas não sei a hora que vou sair daqui. Entro no trabalho às 10 horas. Não entendo porque fazem isso com a gente" afirma.
Pouco antes das 10 horas, porém, Gisele foi embora sem conseguir dar entrada nos papéis porque não levou toda a papelada exigida. "Eles não dão informação direito", comentou, apressada, ao sair do Instituto. A relação dos documentos necessários consta em panfletos, no site na Internet e pode ser informada por telefone, mas algumas pessoas argumentam que não têm acesso a esses serviços.
Gisele era apenas uma das quase 150 pessoas que estavam em frente do posto antes da abertura. O empresário Marco Erhardt, que também estava com os filhos, era o segundo na fila. Ele precisava agilizar a documentação dos filhos para anexar ao inventário da esposa. "É vergonhosa essa situação. Isso não se faz", criticou. "Eles só atendem quem chega pela manhã e por ordem de chegada. Meus dois filhos estão perdendo aula", acrescentou.
Depois da abertura das portas do Instituto, a agonia continuou: a pequena multidão não tinha acesso nem à agua e ao banheiro. "Eles deveriam pôr mais funcionários para dar conta da demanda", reclamou uma senhora que não quis ser identificada. Em meio às queixas, os funcionários tentavam dar agilidade aos procedimentos. O posto conta com 18 funcionários, mas ontem estava apenas com nove.
Equipe reduzida
A situação do Instituto é tão crítica que no setor de revisão de documentos há 11 guichês, mas apenas duas papiloscopistas atendiam na sexta-feira. "Algumas pessoas estão de férias e outras de licença médica. Faltam funcionários para atender a demanda e isso é nítido. Ficamos 13 anos sem concurso público para contratação de novos papiloscopistas. Ano passado foi feito um, mas ainda não houve efetivação para os cargos", explicou a chefe do posto, Heloísa Tavares.
Além da falta de funcionários, o sistema de digitalização, instalado no ano passado, que verifica a documentação e coleta fotos e digitais, tornou o atendimento mais moroso. "A emissão da carteira de identidade, que levava 20 dias, hoje é expedida em no máximo três dias. Mas o rigor na avaliação dos documentos e a coleta de fotos e digitais por computadores atrasa o início do processo. Cada pessoa fica de 30 a 50 minutos para terminar todo o trâmite no posto (após iniciado o atendimento)", disse Heloísa. "Não é só quem está na espera que fica estressado, nós, funcionários, também ficamos", ressaltou.
A reportagem procurou o diretor do Instituto de Identificação, delegado Luiz Fernando Artigas, mas ele estava de licença médica. Foram feitos contatos também com a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública, a quem o Instituto de Identificação está subordinado, mas não houve retorno.
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