ALL finaliza em agosto o restauro de cinco estações
A América Latina Logística (ALL) deve entregar em agosto cinco das seis estações ferroviárias que deveria restaurar no Norte do estado. A sexta de Joaquim Távora sofreu um incêndio e precisa ser reconstruída.
Em 2011, a ALL assinou com o Ministério Público Federal, a Secretaria Estadual de Cultura e o Iphan um termo de ajustamento de conduta (TAC) para restaurar as estações. O custo estimado na época era de R$ 4,5 milhões. A ALL não divulgou os valores atualizados.
Três dessas estações são tombadas pelo governo estadual: a de Joaquim Távora, construída em 1924; de Jacarezinho, construída em 1930; e de Santo Antônio da Platina, de 1927. As estações de Andirá (de 1927), a de Marques dos Reis (construída em 1937 e que fica no município de Jacarezinho) e a de Bandeirantes, construída na década de 30, também estavam no TAC. Segundo a ALL, a situação da obra em Joaquim Távora permanece indefinida, pois o acordo determina a restauração e não a reconstrução do prédio.
Outra estação restaurada pela ALL por meio de decisão judicial é a de Roxo Roiz, no distrito de Guaragi, em Ponta Grossa. A estação foi reconstruída conforme o aspecto original, em madeira, e inaugurada em dezembro do ano passado. A obra custou R$ 60 mil, foi financiada pela ALL e o recurso foi administrado pelo Rotary Club Lagoa Dourada. A estação, tombada como patrimônio cultural do Paraná, está sem uso. A Fundação Cultural de Ponta Grossa informa que estuda projetos para a estação.
Inventário
Desde 2007, por meio de resolução, o Iphan é o responsável pelos bens históricos da antiga Rede Ferroviária. Em todo o Paraná, há cerca de 30 mil bens inventariados. Parte deles está no Museu Ferroviário de Curitiba, no shopping Estação.
Está em andamento a adaptação do edifício Teixeira Soares, da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, para que o saguão receba uma exposição permanente de parte do acervo. Conforme o superintendente do Iphan no Paraná, José La Pastina Filho, o espaço vai funcionar como um centro de referência ferroviária no Paraná e ainda não há previsão de conclusão.
Inaugurada um mês após a Proclamação da República, em dezembro de 1889, a estação de trem de Castro, nos Campos Gerais, ainda está em pé. Mas a falta de manutenção, a ação do tempo e os atos de vandalismo castigam o prédio que armazena parte da história do Paraná. Neste mês, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Paraná começou um levantamento sobre a situação do prédio. A ideia é apresentar um projeto de restauração ao Iphan nacional para quando o governo federal tiver recurso disponível para a obra.
A estação foi concebida no período imperial, quando em 1880 começou a ser construída a estrada de ferro para ligar São Paulo ao Rio Grande do Sul. Com uma aparência simples, o ponto de parada de trens de passageiros e de cargas em Castro usou fundação de pedras, paredes de tijolos, telhas cerâmicas na cobertura e ladrilhos no piso. Hoje, os vidros das janelas estão quebrados, as telhas estão danificadas e as paredes estão pichadas. As salas têm lixo acumulado ao lado de móveis velhos.
O prédio pertencia à Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) até 1997, quando a estatal foi terceirizada. Em 2000, foi tombado como patrimônio cultural do Paraná e, a partir de 2007, ficou sob a responsabilidade do Iphan, ligado ao Ministério da Cultura. O superintendente do Iphan no Paraná, José La Pastina Filho, diz que caso haja recurso e a estação seja restaurada, o prédio será repassado em concessão à prefeitura de Castro, para uso artístico ou cultural. A prefeitura ainda estuda uma destinação para o prédio.
Em 2010, a restauração da estação ferroviária chegou a ser cotada no PAC das Cidades Históricas entre as 50 ações previstas no centro histórico de Castro. A restauração custaria R$ 363 mil, mas o projeto não foi aprovado. Para o arquiteto do Iphan que coordena o novo estudo, Moisés Stival, não há como prever o valor atual. "Os custos aumentaram e a situação do prédio também se modificou."
Novos ares
A ferrovia era uma novidade no início do século 20. A estação modificou os arredores e trouxe novos pontos comerciais, bem como visitantes à cidade, hoje com 309 anos. "Os donos da fazenda Capão Alto (marco inicial de Castro) gostavam de fazer festas e há muitos registros orais de que eles fretavam trens vindos de São Paulo com amigos que eram convidados para as festas. Eles desciam na estação e iam de charretes até a fazenda", diz a historiadora Léa Maria Cardoso Villela.
A estação passou por pequenas reformas nas últimas décadas e a linha férrea é usada pela Klabin. As salas já foram usadas por uma escola de música e pelo Conselho Tutelar. Há cerca de três anos, o prédio está fechado e sem uso.
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